São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Arredores da capital fascinam escritores

RUI NOGUEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Lisboa é uma velha bem acompanhada. A poucos quilômetros da cidade há duas opções que se enquadram na categoria que um entusiasmado agente de turismo chamaria de indispensável.
A pouco mais de meia hora de Lisboa, ao norte, fica Mafra.
Quem leu ``Memorial do Convento", do escritor português José Saramago, vai se sentir personagem do romance ao pisar no convento de Mafra, obra monumental de 40 mil m2 construída em meados do século 18.
Na urgência da construção, entre 1717 e 1745, que chegou a empregar 45 mil operários, Saramago faz desfilar Blimunda, a heroína vidente do romance, que enfrenta com sua astúcia a perversidade da Inquisição.
A capela, a biblioteca, o zimbório (parte superior da cúpula de edificações) e as torres do convento de Mafra, com 114 sinos, são uma síntese perfeita da força da Igreja Católica em terras lusitanas e do quanto os monarcas eram subservientes a esse poder.
Um dos carrilhões agrupa 48 sinos -o maior pesa dez toneladas e o menor, três. O projeto é do alemão Ludwig de Ratisbona (1717-1735).
Mafra nasceu de uma promessa do rei dom João 5º -gastaria o que fosse preciso para construir o convento se ganhasse um filho homem (dom José).
Naquela época, o Brasil ainda era uma galinha de ovos de ouro para o tesouro português.

Sintra
Mais perto ainda da capital portuguesa, a oeste, e como se fizesse parte da grande Lisboa, fica Sintra. Na serra do mesmo nome, Sintra está para Eça de Queiroz assim como Mafra está para Saramago.
Alguns dos melhores romances do escritor da escola realista -segunda metade do século passado- foram ambientados na região.
A cidadezinha é ponto de parada obrigatória para subir a serra e alcançar o Palácio da Pena.
Richard Strauss, lá de cima, contemplou a paisagem e concluiu: ``Hoje é o dia mais feliz da minha vida".
A mata e as estradas estreitas, cenários naturais para filmes de suspense, devem ter sido o motivo de tanto deslumbramento.
O Palácio da Pena é um coquetel arquitetônico que mistura minaretes árabes com janelas e portas em estilo manuelino a torres góticas e cúpulas renascentistas.
Essa miscelânia foi obra dos arquitetos do século 19 (1840) em cima de uma construção do século 16 (1503), que era um eremitério.

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