São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 1995
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Protesto no ABCD reúne mais de 40 mil

DA FOLHA ABCD; DA REPORTAGEM LOCAL

Segundo o sindicato, manifestação contou com 70 mil pessoas, diversos partidos, empresários e centrais sindicais
A manifestação ``Brasil, Cai na Real", realizada na manhã de ontem no Paço Municipal de São Bernardo, reuniu de 40 mil a 50 mil pessoas, segundo o tenente-coronel Luiz Antônio Rodrigues, comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar.
A estimativa do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, organizador do evento, é de que cerca de 70 mil pessoas participaram.
A manifestação de protesto, a maior desde as realizadas em 92, pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, teve como objetivo protestar contra as demissões e os juros altos.
Ontem, a Cofap de Santo André demitiu 550 funcionários (leia texto nesta página). Essa semana, a GM dispensou 1.134 metalúrgicos.
Segundo o Sindipeças (representa o setor de autopeças), foram demitidos nos últimos dois meses 1.500 trabalhadores do setor.
Durante o ato, 45 mil pessoas ficaram sem transporte em São Bernardo, devido à paralisação de linhas de trólebus e de ônibus.
Além disso, pelo menos quatro quilômetros de congestionamento foram registrados nas principais vias de acesso ao Paço Municipal.
Com a presença de Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do PT, o protesto de ontem foi um marco de novo referencial para o movimento sindical, pela amplitude das forças sociais envolvidas.
Participaram da manifestação empresários de associações comercias, Ciesps (centros da Indústria do Estado de São Paulo), políticos do PT, PTB e PMDB, CUT, Força Sindical e igreja.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD (CUT), Heiguiberto Navarro, e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano (Força Sindical), Aparecido Inácio da Silva, discursaram no mesmo palanque.
``A manifestação de ontem mostrou que é possível fazer uma gigante correnteza com toda a sociedade no combate ao desemprego e aos juros altos", disse o tesoureiro da CUT e presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Remigio Todeschini.
Segundo ele, a CUT prepara para a segunda quinzena de setembro um dia nacional de luta e quer a participação de amplos setores sociais. A Plenária Nacional da CUT, que começa quarta-feira, vai definir a data.
Em setembro, há também a possibilidade de eclosão de greves ou até de paralisação maior, de várias categorias, unificada pela CUT.
No mês que vem categorias importantes têm data-base, como petroleiros (50 mil) e bancários (620 mil), além de médicos de São Paulo, distribuidores de combustível de São Paulo, ABC, Osasco, entre outros. A CUT reúne essas categorias hoje para definir formas de luta conjuntas.
O protesto de ontem serviu também de vitrine para políticos de variados cacifes dentro do PT.
Estavam presentes o novo presidente nacional do partido, José Dirceu, o deputado federal Jair Meneguelli, o prefeito de Diadema José de Filippi, além de Aloízio Mercadante, ex-deputado federal e Djalma Bom, deputado estadual.

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