São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 1995 |
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Festa do amistoso terá 'regras líbias'
MÁRIO MAGALHÃES
Serão obrigadas a usar shorts e camisetas em desfiles pelas ruas da cidade de Trípoli e num show que farão no estádio 11 de Junho, onde a seleção brasileira enfrentará a seleção líbia no dia 6 de setembro. As passistas foram convidadas oficialmente pelo governo líbio para promover esse amistoso. O jogo integra os festejos dos 26 anos da ascensão do governante líbio Muammar Gadafi ao poder. A viagem dos convidados não tem ligação oficial com a presença da seleção de futebol. As sambistas integram a delegação de 240 atletas, dirigentes esportivos e jornalistas brasileiros que excursionarão na Líbia até o dia 7 de setembro. Os convidados viajarão de graça. Os organizadores da viagem -o governo líbio e o jornal esportivo ``Dar El Ssada", editado em língua árabe- a financiarão, gastando cerca de US$ 2 milhões. Outros US$ 500 mil já foram pagos à Confederação Brasileira de Futebol como cachê pela participação da seleção no amistoso. As roupas das passistas não serão a única dificuldade cultural dos convidados brasileiros naquele país. Na Líbia, país árabe, é proibido o consumo de qualquer bebida alcoólica. Embora seja um dos países árabes mais liberais -as mulheres não precisam cobrir o rosto com véus-, há repressão a elas. Na emissora oficial de televisão, censores riscam com caneta pernas e decotes femininos quando estes aparecem em filmes. O financiamento da viagem faz parte do esforço de Muammar Gadafi para romper o isolamento político junto à comunidade internacional. Na noite do dia 3, ele recepcionará os brasileiros numa tenda no deserto, presenteando cada um com um tapete persa. Os brasileiros serão recebidos com ``honras oficiais". Ganharão uma medalha e uma placa alusiva à visita. ``Gastaremos US$ 2 milhões com a excursão", afirmou o diretor do ``Dar El Ssada" no Brasil, Ahmed Ramadan. Só com o avião fretado, o gasto será de US$ 180 mil. Ramadan disse que seu jornal não contém publicidade. O ``Dar El Ssada" é editado na Itália, com periodicidade semanal e tiragem de 300 mil exemplares. É vendido nos países árabes por cerca de US$ 3,00 cada exemplar. O diretor não soube dizer como o jornal conseguiu reunir o dinheiro para a viagem. A participação -oficial- do governo líbio seria com transporte interno, alimentação e programas turísticos. Viajariam 300 pessoas, num DC 10 fretado à Alitalia. Mas ontem a empresa informou que só dispõe de um MD 11. Devido a mudanças na primeira classe e ao aumento de poltronas na executiva, só poderão viajar 240 passageiros. O avião pousará na cidade de Djerba, na Tunísia. Ele não pode pousar na Líbia devido ao embargo aéreo imposto pela ONU (Organização das Nações Unidas). O governo líbio é acusado de envolvimento no atentado que em 1988 provocou a explosão de um Boeing 747 da Pan Am, matando 270 pessoas. Djerba fica a 97 km de Trípoli, capital líbia, para onde os convidados seguirão de ônibus. Na fronteira da Tunísia com a Líbia, eles serão recebidos com shows de bailarinas, passeio de camelo e pratos árabes, como carneiro recheado. Em Trípoli, ficarão hospedados num hotel cinco estrelas à beira do mar Mediterrâneo. ``O projeto do hotel foi feito para o rei do Marrocos", disse Carlos Morino, editor do ``Dar El Ssada" no Brasil. ``Mas era tão luxuoso que o rei não teve condições de construí-lo e a Líbia o assumiu." Entre os convidados estão 20 dirigentes das federações de futebol do Rio e do Maranhão. Entre os atletas que confirmaram presença, segundo os organizadores, estão Luiza Parente (ginástica olímpica), Torben Grael (iatismo) e Ana Richa (vôlei de praia). Uma equipe de 15 jovens, com faixa etária variando entre 14 e 15 anos, da escolinha do ex-jogador de futebol Zico também viajará. Texto Anterior: Silva elogia estreante e torcedores após vitória Próximo Texto: CBF levará 40 convidados Índice |
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