São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 1995 |
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<UN->Frears cria herói sem heroísmo<UN>
INÁCIO ARAUJO
Frank Capra, nas suas clássicas comédias dos anos 30 ("A Mulher Faz o Homem", "Do Mundo Nada se Leva" etc) fez uma sólida defesa do individualismo. Era o homem comum que, no fim das contas, triunfava sobre poderosos, governantes e imprensa (enfim, a organização social). Stephen Frears retoma, em parte este rumo, com "Herói por Acidente" (Bandeirantes, 21h45), mas tem o cuidado de adaptá-lo aos anos 90. Lá está o joão-ninguém Dustin Hoffman, que salva ocupantes de um avião acidentado. E a repórter de TV Geena Davis que, com muito mais intuição de ibope do que senso de humanidade, decide encontrar o incógnito herói. E, por fim, o impostor Andy Garcia, que se faz passar por herói. Se Frears homenageia Frank Capra com este filme, não deixa de oferecer uma concepção pessoal das coisas. Em Capra, o herói/homem comum sempre resgatava um mundo à deriva. Frears nem ao menos abre esta janela para o otimismo "in extremis". É como se dissesse: na era da escrita, dos jornais, ainda havia uma esperança. No da TV, toda hipótese de verdade se esvai, tragada pela supremacia meio monstruosa e descontrolada da imagem. É uma leitura de Capra que, se não deu no melhor filme de Frears, deu numa crítica atenta do mundo contemporâneo. (IA) Texto Anterior: Bomba! A Bahia não tá odara, tá odura! Próximo Texto: Walter Rodigues faz verão sem 'modinhas' Índice |
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