São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995 |
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CNBB cobra mais atenção para área social
FERNANDO MOLICA
Em entrevista coletiva, ontem, em Brasília, ele afirmou que a estabilização econômica tem de ser acompanhada de ``maior sensibilidade para as urgências sociais". D. Lucas elogiou a estabilização da moeda, mas, segundo ele, não basta dizer que o país ficou livre da inflação. ``É preciso melhorar a distribuição de renda e resgatar a cidadania", afirmou. Ele defendeu a necessidade de uma reforma agrária. Chegou a dizer que houve um ``retrocesso" na implementação de uma política de distribuição de terras. ``Pode-se falar em retrocesso, porque hoje se faz menos do que já foi feito alguns anos atrás", declarou. O presidente da CNBB manifestou também sua discordância com aspectos do ``Grito dos Excluídos", manifestação organizada pela Pastoral Social da entidade que ocorrerá em diversas cidades brasileiras no dia 7 de setembro -Dia da Independência do Brasil. A maior manifestação deverá ocorrer em Aparecida (SP), onde os organizadores do protesto pretendem reunir cerca de 100 mil pessoas. A Pastoral Social é dominada pelos chamados ``progressistas", bispos e padres que enfatizam a necessidade de mudanças sociais e que, ao longo dos últimos anos, tiveram uma série de divergências com integrantes do grupo mais ligado à política do Vaticano, entre eles, d. Lucas. Dizendo falar em nome da direção da CNBB, d. Lucas disse temer que a manifestação seja ``instrumentalizada, manipulada, adulterada e sequestrada" por ``grupos, organismos ou partidos que não tenham a nossa sensibilidade nem nosso objetivo". Durante a reunião do conselho permanente da CNBB, encerrada ontem, outro arcebispo, d. Eugênio Sales (RJ), disse que não participaria do ``grito" por causa da participação de entidades como a Central Única dos Trabalhadores. Segundo d. Lucas, sindicatos eventualmente presentes ao ``grito" deveriam abster-se de levantar suas bandeiras. Isso porque, de acordo com ele, a origem do ``grito" é uma manifestação ``altamente religiosa", a Romaria do Trabalhador, realizada desde 1987, a cada 7 de setembro, em Aparecida, principal centro de romarias dos católicos do Brasil. Ele afirmou que, pessoalmente, fazia objeção à data escolhida para a manifestação, que incluirá, em sua parte religiosa, bênção a panelas vazias. D. Lucas procurou ressaltar que o ``grito" é ``uma manifestação a favor, a favor da vida" e não um ato contra o governo -a crítica à política econômica do governo, classificada de ``neoliberal", é um dos pontos da manifestação. O presidente da CNBB disse que não vai organizar nenhuma manifestação relacionada ao ``grito" em sua arquidiocese, a de Salvador (BA). Texto Anterior: SE gasta 80% da receita com servidor Próximo Texto: Nota repudia massacre de RO Índice |
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