São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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Nota repudia massacre de RO

FERNANDO MOLICA
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Em nota divulgada ontem em Brasília, os integrantes do conselho permanente da CNBB manifestaram "indignação e repúdio diante do massacre ocorrido contra famílias de agricultores sem-terra na fazenda Santa Elina, em Corumbiara (RO)".
Na nota, os bispos reivindicam ao governo e ao Congresso Nacional providências para acelerar a reforma agrária e viabilizar uma "adequada política agrícola".
Integrado por 29 bispos, inclusive pelos que fazem parte da direção da CNBB, o conselho permanente é a segunda instância de poder da entidade (fica abaixo apenas da assembléia geral).
Na nota, os bispos afirmam que episódios como o de Rondônia mostram "a gravidade dos problemas cuja solução há tanto tempo vem sendo protelada em nosso país".
Em outro trecho, os bispos dizem que "os acontecimentos de Corumbiara mostram com clareza que a terra não pode continuar objeto de cobiça dos poderosos para agravar a escandalosa concentração da riqueza em nosso país".
A nota afirma que os "requintes de barbárie" ocorridos em Corumbiara "envergonham a nação".
Os bispos reivindicam "o fim de toda a impunidade, sobretudo dos crimes contra trabalhadores rurais e os povos indígenas".
A nota pede ao Poder Judiciário "sensibilidade social e imparcialidade em suas decisões".
Quer também que as forças policiais "estejam a serviço da segurança da população" e não atuem como "instrumento de opressão".

Terras indígenas
Na nota, os bispos criticam a possibilidade de modificar o decreto que regulamenta a demarcação de terras indígenas.
"Não se pode agravar as tensões e protelar ainda mais a demarcação das terras indígenas", afirma a nota.
Intitulada "Um grito de alerta à nação", a nota é encerrada com um pedido para que Deus "escute a todos e desça para salvar nossa pátria das correntes da injustiça e da violência".

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