São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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Lei antipoluição não sai do papel em SP

ROGERIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

Apontado como uma das alternativas para o combate à poluição, o uso do gás natural como combustível de veículos ainda enfrenta dificuldades para ser implantado na cidade de São Paulo.
A lei municipal que obriga os ônibus a usarem o gás natural até o ano 2001 não será cumprida. Hoje, 95,6% da frota é movida a óleo diesel, combustível mais poluente que o gás (veja quadro ao lado).
Quando a lei foi aprovada, em 91, existiam 60 ônibus a gás em São Paulo. Hoje, são 133 -1,17% da frota. A continuar nesse ritmo, apenas outros 102 ônibus serão abastecidos a gás até o ano 2001.
O combustível já é adotado em diversos países, como Argentina, Estados Unidos, Itália e Canadá.
A atual posição das empresas de ônibus e da Comgás (estatal paulista responsável pela distribuição do gás) é um dos entraves para que a lei possa ser cumprida.
Para Maurício Lourenço da Cunha, 34, presidente da Transurb (sindicato das empresas de ônibus), a lei ``não vai pegar".
``Para a lei poder ser cumprida, a Comgás (Companhia de Gás de São Paulo) teria de estender sua rede de abastecimento de gás canalizado para todas as garagens das empresas", afirma Cunha.
A Comgás, por sua vez, aguarda um investimento maior em ônibus a gás por parte das empresas, para então viabilizar a ampliação de sua rede de abastecimento.
As garagens de todas as empresas de ônibus, localizadas em sua maioria na periferia da cidade, possuem postos próprios de abastecimento de óleo diesel.
O abastecimento de ônibus a gás é feito hoje em um único posto, localizado na Barra Funda (zona oeste). Outros 14 postos fazem o abastecimento de táxis a gás.
O transporte do gás, inviável em caminhões, é feito somente por meio da rede da Comgás, concentrada hoje no centro da cidade.
Segundo Iêda Correia Gomes, 39, presidente da estatal, com pequenos investimentos para o prolongamento da rede de abastecimento, 30% das garagens teriam condições de receber o gás natural.
Segundo ela, a Comgás estudou a ampliação da rede para todas as garagens, mas, até agora, nenhuma empresa se interessou.
A estatal produz diariamente 2,8 milhões de metros cúbicos de gás. Os ônibus consomem apenas 11 mil m³ -0,4% do total.

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