São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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Novo remédio para Aids é lançado no Brasil

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um novo medicamento para doentes de Aids está sendo lançado no Brasil pelo laboratório Bristol-Myers Squibb. Trata-se do Zeritavir, ou D4T, já aprovado e comercializado nos EUA desde o ano passado.
O remédio é indicado para o tratamento de adultos com infecção avançada pelo HIV, especialmente aqueles que apresentam intolerância aos medicamentos disponíveis, o AZT, DDI e DDC.
Segundo dois estudos norte-americanos citados pelo laboratório, o novo remédio, comparado com o AZT, mostrou-se ``mais eficiente em retardar a progressão da infecção pelo HIV em alguns grupos de pacientes". O medicamento apresentou também menor toxicidade.
O Hospital Emílio Ribas está testando o remédio em um pequeno grupo de pacientes que apresentaram intolerância ao DDI e ao AZT. Os resultados ainda não são conhecidos.
``Estudos preliminares mostraram que o D4T melhora o estado clínico do paciente, embora não aumente o número dos seus linfócitos de defesa", diz Jamal Suleiman, que coordena o estudo no Emílio Ribas.
O infectologista Caio Rosenthal vem empregando o D4T em pacientes particulares há mais de um ano. Em quase todos os casos, o remédio é usado em associação com o AZT ou DDI. ``O lançamento do D4T não tem o mesmo impacto da descoberta do AZT", diz Rosenthal. ``Mas é uma droga bem vinda, porque ainda é desconhecida do vírus."
O D4T age basicamente da mesma forma que seus antecessores. Todos eles inibem a transcriptase reversa, uma enzima que permite a replicação viral. Desta forma, o medicamento impede que o vírus utilize as células do organismo para se multiplicar.
O frasco de Zeritavir custará de R$ 270,00 a R$ 300,00, dependendo da dosagem. Em geral, o paciente precisa de um frasco por mês. Os médicos consideram o D4T inacessível à maioria dos doentes, a menos que o Ministério da Saúde forneça o remédio, como faz com o AZT, o DDI e o DDC.
O Bristol-Myers Squibb já produz o DDI. No lançamento de ontem, o laboratório trouxe o infectologista Gerald Friedland, professor e pesquisador em Aids da Universidade de Yale, nos EUA.
Além dos quatro medicamentos anti-Aids disponíveis, oito outros devem ser lançados em dois anos.

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