São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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Medida pode ajudar venda do Econômico

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão de permitir a entrada de capital estrangeiro nos bancos brasileiros, tomada ontem pelo governo FHC, tem o objetivo de garantir a credibilidade e a segurança do sistema financeiro, abalado pela crise dos bancos estaduais e pela quebra do Econômico.
A medida se dirige especialmente aos bancos privados e pode facilitar a venda do Econômico, no todo ou em partes. A entrada de capital estrangeiro em bancos estatais estaduais, para privatização, já estava autorizada.
A partir de agora, qualquer banco brasileiro privado passa a ter a possibilidade de buscar sócios no exterior para aumentar seu capital. Bancos que já tenham sócios estrangeiros podem elevar essa participação.
A entrada de investimento novo é a melhor maneira de capitalizar um banco. Muito melhor, por exemplo, do que tomar dinheiro emprestado do Banco Central.
A medida foi combinada, na semana passada, em reunião do ministro da Fazenda, Pedro Malan, com os principais banqueiros.
Seu objetivo explícito foi o de abrir uma porta para os bancos de boa estrutura, mas que estejam enfrentando dificuldades com a perda do lucro inflacionário e o arrocho monetário imposto pelo BC.
Lucro inflacionário é o que os bancos obtêm com o dinheiro que fica parado em conta corrente. Os bancos aplicam esses recursos e não precisam remunerar o cliente. Quanto maior a inflação, logicamente, maior esse lucro.
Com a queda abrupta da inflação, todos os bancos brasileiros perderam rentabilidade. A maioria estava preparada para essa fase. Alguns, não.
E esses foram ainda atingidos pela política monetária, que obriga os bancos a deixarem depositado no BC grande parte do dinheiro que captam junto aos clientes.
A crise dos bancos estaduais e a quebra do Econômico, um banco de grande porte, resultaram dessa situação. A instabilidade que isso passou para o sistema financeiro tende a piorar as contas dos bancos considerados mais frágeis.
Numa reação normal, pessoas e empresas tendem a dirigir seus negócios para os bancos mais sólidos, mesmo que estes paguem menos para seus investidores.
E os bancos tidos como mais instáveis começam a perder depósitos e precisar de socorro do BC. E a situação se deteriora mais ainda, num círculo vicioso.
Para deter essa marcha, o BC reduziu os depósitos compulsórios, devolvendo dinheiro aos bancos. Agora, o governo abre ao sistema financeiro a possibilidade de obter capital no exterior.

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