São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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A Fifa vai tremer

JUCA KFOURI

Todas as confederações do mundo do futebol, com exceção da Sul-Americana, se reuniram em Bruxelas e resolveram dar um verdadeiro ultimato a João Havelange. Ninguém aguenta mais o poder imperial do presidente da Fifa.
A coisa foi tão grave que a reunião se deu no último dia 22, o teor do documento lá aprovado vazou e, no dia seguinte, a Fifa já tratou de convocar uma reunião de emergência para 8 de setembro, em Zurique.
O documento, chamado Visão e preparado pela União Européia, clama por democracia, artigo raro no estilo botocudo de Havelange.
As confederações querem mais poder, querem dividir responsabilidades com a Fifa e querem tornar transparentes e menos traumáticas certas decisões, como, por exemplo, as que determinam o local das Copas do Mundo.
Na verdade, encostaram Havelange na parede.
Falam, por exemplo, em estabelecer um rodízio entre os cinco continentes para abrigar as Copas do Mundo.
Reivindicam, ainda, que os próximos presidentes da Fifa sejam eleitos apenas entre os presidentes de confederações continentais e também em sistema de rodízio, o que impediria reeleições -além de sepultar de vez qualquer pretensão de Ricardo Teixeira.
Propõem a fusão da Confederação Sul-Americana com a que reúne as Américas Central e do Norte e entre as Confederações da Ásia e da Oceania.
E, fundamental, querem rever toda a estratégia de marketing e de faturamento da Fifa, propondo novas visões em função do enorme desenvolvimento do futebol nos últimos anos e novas maneiras de ratear por todos os filiados os lucros que a Fifa ganha sozinha.
Apesar da delicadeza, é quase uma declaração de guerra, um aviso diante dos indícios de que Havelange começa a trabalhar por mais um mandato.
Essa é a situação que o ``Comitê de Emergência" da Fifa discutirá. E é o pano de fundo para uma reunião maior, dia 9 de outubro, entre as confederações e Havelange. Mais um império está ruindo.

Impagável Bussunda em ``Placar" deste mês. Ele ``entrevista" Ricardo Chopeira, ``cartola, dono de uma choperia no Jockey Club do Rio de Janeiro e reeleito genro de João Havelange até o ano 2000".
E pergunta se Ricardo sempre gostou de futebol. A resposta: ``Não, eu detesto. Mas sempre gostei de levar umas boladas..."

Terá nascido um novo Viola em Campinas. E de bicicleta?

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