São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995
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Cai ministro da Economia francês

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

O ministro da Economia francês, Alain Madelin, foi demitido ontem por criticar direitos adquiridos do funcionalismo público e o programa de renda mínima.
Formalmente, Madelin teria ``pedido demissão", conforme o anúncio feito pelo premiê Alain Juppé. O tom do comunicado do premiê e os analistas políticos desmentiram a formalidade.
Juppé disse que ``as declarações do ministro da Economia contrariam a vontade reformadora do governo. Não se pode confundir crítica aos privilégios com ataques às conquistas sociais".
Madelin caiu no 100º dia do governo Juppé, formado na posse do novo presidente francês, Jacques Chirac (RPR, conservador). Tido como ultraliberal, foi substituído por Jean Arthuis, de centro-direita.
Arthuis vai dirigir uma nova pasta, fusão do Ministério do Planejamento e Desenvolvimento Econômico, seu antigo posto, com o da Economia e Finanças.
Em entrevistas no rádio, anteontem, Madelin disse que Juppé pretendia ``colocar em questão certas conquistas sociais".
Em seguida, o então ministro disse que era uma injustiça a diferença entre as aposentadorias do setor público e do privado.
Para receber pensão integral, o trabalhador do setor privado deve se aposentar a partir dos 60 anos, depois de ter contribuído por 38 anos (para aqueles que se aposentam em 1995. O período de contribuição vai aumentar até 2003, quando será de 40 anos).
Os funcionários públicos e de algumas estatais precisam contribuir por 37 anos e meio.
Madelin criticou também o programa de renda mínima francês, criado em 1988.
Hoje o governo gasta US$ 6,4 bilhões para dar o benefício a um milhão de franceses (dos quais 109 mil desempregados desde 1989).
``É uma injustiça que uma família com duas crianças que receba renda mínima ganhe mais que uma família que sai cedo para trabalhar e volta à noite", disse Madelin.
Madelin errou a conta. Uma família com duas crianças que vive com renda mínima ganha 75% do salário-mínimo.
As declarações provocaram escândalo e protestos de todas as centrais sindicais, que a consideraram uma provocação ou um balão de ensaio do governo.
Para o Partido Socialista, a demissão ``é sinal de grave crise no governo". Philippe de Villiers (líder do Movimento pela França, direita), disse que o governo ficou ``social-democrata" com a saída de Madelin.

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