São Paulo, sábado, 26 de agosto de 1995 |
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O rosto da barbárie Os resultados das necropsias realizadas nos mortos do conflito entre a PM e posseiros em Corumbiara (RO) evidenciam, com detalhes repletos de crueldade, a ocorrência de um abominável massacre policial, num momento de dramática e irrefreada exorbitância no cumprimento da ordem judicial que determinava a reintegração de posse da fazenda invadida pelos sem-terra. Os tiros na nuca e nas costas, as várias perfurações num só corpo e a desfiguração de rostos revelam que, mais que um típico enfrentamento, houve uma covarde execução de posseiros que já estavam dominados pela polícia. O governador de Rondônia acusa o despreparo tático e emocional da corporação e culpa o ex-secretário de Agricultura e Reforma Agrária por incitar o movimento dos sem-terra, a exemplo do que outros membros do PT supostamente fariam ``em todo o Brasil". Tais constatações apenas aumentam a responsabilidade do Executivo, que deveria zelar pela qualidade funcional de seus subordinados. Porém, parece que o próprio governador não sabia muito bem o que deveria ser feito, ao pedir ao comandante-geral da PM: ``Vai com calma, vai devagar", e ao mesmo tempo delegar-lhe poderes para realizar uma ``operação inquietação" com fogos de artifício e bombas de efeito moral, que só poderiam produzir pânico. A barbárie ocorrida em Rondônia deve ser prontamente investigada pela Justiça, e as responsabilidades do governo estadual pela ação de seus comandados tampouco podem ser desconsideradas. Próximo Texto: Um primeiro passo Índice |
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