São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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BC esconde 'tesouro' com 4.000 telas

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

À parte dos prejuízos assumidos, as liquidações de bancos renderam ao Banco Central um valioso acervo de quase 4.000 obras de arte, tomadas em pagamento de dívidas e espalhadas nos diversos órgãos do governo.
No edifício-sede do BC em Brasília estão os quadros de maior valor, avaliados em R$ 9,5 milhões -expressivo para um comerciante de arte mas insignificante diante dos rombos ostentados pelos bancos fechados.
Artisticamente, a obra mais importante do acervo do BC é "Descoberta do Brasil", de Cândido Portinari, cotada em R$ 3,5 milhões e recebida em doação de pagamento de um certo Banco Português, que escapou da liquidação na década de 70.
É um painel de 4m X 5m retratando a paisagem baiana do descobrimento, que decora a sala de reuniões da diretoria do BC onde foi decidida a intervenção no baiano Banco Econômico.
Portinari também responde pelo carro-chefe da Galeria de Arte do BC, instalada no 8º andar do prédio com 76 quadros expostos ao público diariamente. São 12 telas da série ``Cenas Brasileiras", antes pertencentes ao Banco Halles, liquidado em 74.
Também ilustram a lista de artistas exibidos na galeria, inaugurada em 89, Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, Tarsila do Amaral, Maciej Babinski, Vicente do Rego Monteiro e outros 12 pintores brasileiros.
Acostumada a lidar com balanços financeiros, relatórios macroeconômicos e manobras no mercado aberto, a burocracia do BC tem dificuldade em administrar o patrimônio artístico em seu poder.
Os registros das obras estão confinados no quarto subsolo do prédio do BC em Brasília -no andar abaixo está o estoque de cédulas e moedas guardadas para abastecer a região Centro-Oeste.
É inútil tentar descobrir onde estão todos os quadros -há cópias em toda a sede.

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