São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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Mulheres não medem esforços na conquista

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O objeto do desejo pode ser um político, um criador de pombos, um jóquei ou um mestre de capoeira -não importa: ``homem impossível", para as mulheres viciadas em conquistas, é uma expressão fora de catálogo.
As de uso corrente são: ``Só jogo para ganhar", ``Querer é poder", ``Tudo que é complicado é mais gostoso". Algumas dessas mulheres chegam a apostar com outras como vão ``ganhar" determinado homem. Todas elas preferem escolher a ser escolhidas -a área de ação delas é ampla.
``Eu me interesso por uma grande variedade de assuntos e acabo me especializando", diz a promoter Perla Nahum, 42, atualmente especializada em garotos mais novos. Seu namorado, um modelo, tem a metade da idade dela e foi escolhido pela própria Perla em um teste de produção de moda.
Ela costuma se envolver com tudo o que diz respeito aos namorados. Quando se apaixonou por um empresário do ramo de bebidas, Perla virou ``bartender". ``Fazia coquetéis chiquérrimos", lembra. Quando o escolhido era diretor de teatro, ela assinou o figurino e entrou na produção do espetáculo. Quando foi o sindicalista Luiz Antônio de Medeiros, ela se viu, um dia, ``amassando o barro" na periferia (leia texto ao lado).
A ocupação do rapaz é um fator determinante na escolha da arquiteta Júlia Mandetta, 37. Ela se orgulha de só se apaixonar por ``tipos diferentes". Já namorou piloto de avião, jóquei, cantor de dupla sertaneja e criador de pombos-correios.
Embora não entenda nada de aviões, cavalos, violas ou pombos, Julia diz que jamais levou um fora. ``Quando quero, sei que posso. Rodeio até conseguir."
Com o criador de pombos, que Julia conheceu em uma festa, ela foi até as últimas consequências.
``Ele me disse que costumava treinar os pombos em casa, na represa de Interlagos. Passei dias olhando para o céu, ali perto, até que descobri onde ele morava. Anotei o endereço e pedi a uma prima que trabalhava na Telesp para conseguir o telefone."
Os dois tiveram um caso que acabou por ``falta de pique dele". Júlia continua em forma. ``Pedalo, nado e corro todo dia. Na cama, nunca tive reclamações."
O físico é importante e a habilidade sexual também, especialmente em emergências como a que a publicitária Cláudia Pizzimenti, 29, enfrentou. Ela passava férias em Trancoso (BA) e se interessou pelo ``gostosão da temporada".
``Era um mestre de capoeira maravilhoso. Só que as meninas de 15, 16 anos também adoraram. Não ia disputar, mas, no íntimo, não desisti. Gosto de conquistas complicadas". Um dia, indo de Trancoso a Porto Seguro, de carro, Cláudia cruzou com ele a pé.
``Ofereci carona e ele ameaçou não aceitar. Eu disse que, se fosse ele, não dispensava. Ele entendeu e já no caminho nos divertimos bastante."
Cláudia divide os homens em ``para transar" e ``para namorar". ``O esportista é diversão garantida na cama, mas para namorar prefiro tipos articulados e sensíveis."
Gosto não se discute. A gerente de banco Cristina Rezende, 27, namora há um ano um sujeito que ela classifica de ``rude e insensível". ``Já dei várias chances para ele, mas já vi que vou ter que inverter esse jogo, fazer ele me valorizar e depois dar o fora."
Ela tem um plano que deixaria Maquiavel envergonhado. ``Tenho uma amiga que meu namorado acha feiosa e sem graça -pedi a ela que desse em cima dele e falasse mal de mim. Quero só ver se ele não vai me achar o máximo", diz.
Cristina está no meio de uma operação-resgate, mas tem muitas histórias isoladas de conquistas.
``Sempre investigo direitinho as preferências de quem eu estou a fim. Por conta disso, já pintei o meu cabelo de ruivo e cortei joãozinho", diz.
``No trabalho, cheguei a apostar com uma amiga como ainda faria um cara que não me dava bola correr atrás de mim. Passava trotes a meu favor e combinava falsos encontros entre ele e as possíveis pretendentes. Acabei ganhando a aposta."

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