São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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Importador prevê superávit de US$ 200 mi

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As exportações devem superar as importações em US$ 200 milhões no mês de agosto. Em julho, o saldo comercial foi positivo em apenas US$ 2 milhões.
Os resultados mensais do comércio exterior ao longo do segundo semestre serão crescentemente positivos por conta da contração das importações, já que as exportações não devem apresentar crescimento significativo.
Mesmo assim, a balança comercial deve fechar o ano apresentando déficit próximo dos US$ 2,5 bilhões devido ao desempenho negativo do primeiro semestre.
Essa é a avaliação de Joseph Tutundjian, vice-presidente da Cotia Trading, empresa de comércio exterior.
Com isso, o país acumulou déficit comercial de US$ 4,3 bilhões, apenas nos primeiros sete meses.
``De agosto a dezembro, o saldo mensal deve ser positivo em US$ 400 milhões, em média, o que não vai compensar os primeiros seis meses do ano", diz Tutundjian.
Para o vice-presidente da Cotia, o crescimento do saldo comercial só não será maior porque as exportações devem se manter próximas dos US$ 4 bilhões mensais.

Fiel da balança
Claudio Lellis, vice-presidente do Banco Pontual, diz acreditar que o ``fiel da balança" será a quantidade de carros que será internada no país pelas importadoras independentes e montadoras.
Hoje, por conta do desaquecimento do consumo, esses veículos ficam parados nos portos a espera de um melhor momento para serem internados no mercado interno.
Para Lellis, a balança comercial ao longo do mês de agosto pode inclusive vir a registrar resultado negativo.
A faixa na qual que a balança comercial pode ficar no mês, avalia, está entre US$ 100 milhões negativos e US$ 100 milhões positivos.
``O importante é a tendência que a balança comercial apresenta. Hoje, com certeza, a tendência é de redução das importações", diz.

Custo Brasil
Luiz Furlan, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior, afirma que as exportações só superarão esse patamar com a redução do chamado custo Brasil.
``Há mais de um ano se fala em reduzir o custo Brasil, mas as medidas práticas ainda não apareceram", diz Furlan.
Entre essas medidas, estão a modernização dos portos, a redução dos impostos que recaem sobre os produtos exportados e melhorias no sistema de infra-estrutura e transporte.
Além disso, é preciso reduzir a taxa de juros e o custo de contratação de mão-de-obra, que tornam mais cara a produção no país.
``Só assim as exportações e, portanto, o saldo comercial vão crescer, sem precisar conter as importações", afirma Furlan.
Uma alternativa de curto prazo para estimular as exportações seria criar o reembolso fiscal.
Isso significa que as indústrias exportadoras receberiam de volta o total ou parte dos impostos pagos no processo de produção, como já ocorre na Argentina.

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