São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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Momento é bom para a compra de imóvel usado

VERA BUENO DE AZEVEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem pretende comprar um imóvel, ou trocá-lo por outro, deve optar por um usado, em vez de um novo.
Como os negócios estão difíceis de serem concretizados, quem precisa mesmo de dinheiro está baixando os preços para conseguir vender.
Fazer um bom negócio, entretanto, requer pesquisa e paciência. ``Os proprietários só baixam o preço do imóvel em último caso, por ser um bem de raiz, ao qual dão muito valor", diz Luiz Álvaro de Oliveira Ribeiro, diretor da Adviser Consultoria Imobiliária.
``Sempre que possível, preferem adiar a venda até que a situação melhore e encontrem um comprador que pague o preço que julgam justo", explica.
Mas, nesta época de ``pouco dinheiro na praça", sempre existe alguém que precisa de recursos e não pode esperar muito tempo para vender. Aí está uma possibilidade de fazer bom negócio.
Outra chance de encontrar uma ``galinha morta" (imóvel com preço baixo) é quando há um negócio casado (alguém vendendo um imóvel para comprar outro). O primeiro reduz o valor, se o segundo fizer o mesmo.

Barganha
Tradicionalmente, há uma diferença de 10%, para menos, entre o preço que o proprietário do imóvel pede e aquele que é efetivamente pago pelo comprador. Segundo Oliveira Ribeiro, esse ``deságio" está hoje entre 15% e 20%.
``Só perde para a época em que a poupança foi confiscada pelo governo Collor, em 1990, quando chegou a 40%", diz ele.
Já para Roberto Capuano, diretor da Capuano Imóveis, o setor não está tão ruim assim. Segundo ele, as vendas de usados caíram muito, mas não estão paralisadas.
Capuano acha que a fase mais crítica do mercado começa a ser superada. Ele acredita que as vendas cresçam a partir de setembro.
``Alguns bancos, como o Citibank e o Banco de Boston, devem voltar a financiar os imóveis usados e o governo já acena com juros mais baixos", explica.
Se a perspectiva de melhora do mercado se confirmar, quem quer fazer um bom negócio precisa se apressar para comprar, porque os preços devem voltar a subir.

Maturação lenta
A compra de um imóvel usado, entretanto, é tradicionalmente de maturação lenta, porque envolve uma grande quantia de dinheiro, normalmente paga à vista ou em um curto espaço de tempo.
``Como a oferta é grande e o comprador está com o dinheiro na mão, ele geralmente não tem pressa. Gosta de pesquisar e de ver muitos imóveis antes de fazer a sua escolha", explica Capuano.
Essa demora, segundo ele, pode chegar a alguns meses, se o comprador não estiver precisando do imóvel para morar.
Para Oliveira Ribeiro, esse ``tempo de espera" é prejudicial ao vendedor. ``Uma hora ele se cansa e acaba cedendo a ofertas para abaixar o preço e vender logo o imóvel, perdendo dinheiro com isso", diz o consultor.
Assim, embora pareça contraditório, a paciência é um requisito fundamental para que ambas as partes façam um bom negócio: o vendedor e o comprador.

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