São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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Mulheres abrem novas frentes de trabalho

CARLA ARANHA SCHTRUK
DA REPORTAGEM LOCAL

As mulheres romperam a barreira que existia em profissões consideradas só para homens. Mesmo convivendo com o preconceito, enfrentam qualquer parada: são pilotos de avião, portuários, operárias e até motoristas de ônibus.
``Essa nova geração está conseguindo aumentar o campo de atuação das mulheres, o que ainda é novidade em algumas áreas", diz Maria Aparecida de Laia, 38, presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo.
No porto de Santos (SP), por exemplo, a proporção é de apenas cinco mulheres para um total de 14 mil homens. Uma delas é a conferente de cargas Karina Royas Marques, 23, formada em direito.
Ganha R$ 1.500, ``um bom salário", segundo ela. De telefone celular em punho -da família-, convive diariamente com 6.000 estivadores. ``São uns amores."
Para a motorista de ônibus Miriam Alves da Silva, 36, o começo não foi tão fácil. ``Ainda escuto muitas gracinhas, mas nunca levo a sério", diz. A afirmação vem de alguém que já foi motorista de caminhão, trabalha nove horas por dia e ganha R$ 1.400.
Hoje seu nome reforça as estatísticas -menos de 0,1% dos motoristas de São Paulo são mulheres, segundo a Transurb (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros de São Paulo).
Maria Erlânia Mendes da Silva, 22, e Esdre Ribeiro de Souza, 29, estão trabalhando há duas semanas como operárias da construção civil. São reajuntadoras de azulejos.
Elas integram o 0,03% de mulheres que trabalham como pedreiras, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Construção Civil de São Paulo.
O salário de R$ 250 foi o maior atrativo para o trabalho, além da necessidade de emprego. Ambas dizem que nunca foram alvo de provocação dos colegas de obra.
Não foi bem o que aconteceu com Silvely Maslancakuk, 24, que abandonou a carreira de metalúrgica para ser professora estadual. ``Na fábrica você tem de ter estrutura para conviver com comentários maldosos e sabotagens."
Na aviação, o preconceito também existe. A co-piloto Marina Deluqui, 29, diz que os passageiros ainda se surpreendem ao ``ver uma saia na cabine de comando". Segundo o Departamento de Aviação Civil, apenas 1% dos 32.758 pilotos brasileiros são mulheres.

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