São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Punição e conscientização para os torcedores violentos

TELÊ SANTANA

O Campeonato Brasileiro entra na sua terceira rodada, mas o assunto ainda é o lamentável espetáculo proporcionado pelas torcidas, domingo passado, no Pacaembu.
As cenas deprimentes foram mostradas para o mundo todo, o que nos envergonha.
Não dá para admitir um sujeito que pega uma pedra ou um pedaço de pau e atira no outro, que nem ao menos conhece.
Não dá para entender tanta violência, tanto ódio. Eles batem gratuitamente. Estão satisfazendo suas ignorâncias.
Eles marcam encontros para brigar. Quem é que gosta de viver assim?
Parece mesmo uma guerra, como a da Bósnia, com irmãos se matando sem motivo.
A dificuldade financeira do povo brasileiro não serve como desculpa.
Existem países em piores condições, onde as pessoas se respeitam.
Aqui, parece que todos se consideram inimigos: jogadores, imprensa, árbitros e, principalmente, torcedores.
A impunidade contribui para tudo isso. Esse é um defeito geral do país.
Aqui, quem mata, rouba, trafica, ou comete crime grave, não é preso. Basta! Isso tem que parar. Os torcedores baderneiros devem ser punidos.
Precisamos conscientizar o povo e solucionar os problemas.
No campo, os jogadores têm que dar o exemplo. São da mesma profissão e precisam se respeitar.
Muitas brigas entre torcidas começam porque os jogadores estão se agredindo dentro de campo.
Foi assim, naquele jogo entre São Paulo e Palmeiras, no conflito envolvendo Edmundo.
Se os torcedores querem brigar, que não seja por maus exemplos dos nossos atletas profissionais.
Outra constatação evidente: as torcidas uniformizadas estão afugentando o público dos campos.
Os pais têm medo e não querem mais levar seus filhos aos jogos.
A legião de jovens torcedores que o São Paulo, por exemplo, formou após conquistar títulos importantes, não pode ser desperdiçada pelos problemas de violência.
Os estádios precisam ser frequentados por quem gosta do futebol e o aprecia.
Sugeri ao presidente do São Paulo que separe um setor do Morumbi para ser frequentado apenas pelas famílias (pais e mães com seus filhos) e pelas pessoas de idade.
Só assim essas pessoas teriam coragem de voltar aos estádios.

Texto Anterior: Bragantino quer represar rival
Próximo Texto: Oscar pensa no adeus e prepara sucessor
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.