São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995
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Oscar pensa no adeus e prepara sucessor

EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A NEUQUÉN (ARGENTINA)

Dois homens de pontos distantes do Brasil -o potiguar Oscar e o gaúcho Rogério- simbolizam a experiência e a nova cara da seleção brasileira de basquete, que está em Neuquén, Argentina, disputando o Pré-Olímpico das Américas.
Rogério (24 anos e 2,00 m) está sendo preparado para substituir o ídolo Oscar (37 anos e 2,04 m), que tenta ser o primeiro jogador de basquete na história a participar de cinco Jogos Olímpicos.
Caso o Brasil se classifique para Atlanta-96, é lá que Oscar, natural de Natal (RN), passará a camiseta número 14, que usa desde 1977 na seleção, para o ``herdeiro" Rogério, nascido em Porto Alegre (RS).
Um fracasso no Pré-Olímpico, neste fim-de-semana em Neuquén, antecipa o projeto.
Separadamente, eles responderam às mesmas perguntas sobre o que pensam um do outro.

Folha - Como você encara sua posição no time?
Oscar Daniel Bezerra Schmidt - Normalmente, como sempre encarei. Tive a sorte de estar nessa posição cedo, desde os 19 anos. Rogério Klafke - Com naturalidade. O técnico já havia falado comigo sobre o assunto, dizendo do volume de jogo do Oscar.
Folha - É complicado ter uma sombra?
Oscar - Não estou aqui para empatar a carreira de ninguém. Até 92, dificilmente um novato entraria na seleção. O momento surge e, com ele, o Rogério.
Rogério - Acompanho a trajetória do Oscar desde que comecei a jogar. A personalidade dele é impressionante. Joga sempre com vontade, passa segurança, confiança. É diferente dos outros. É um símbolo da vontade, garra e otimismo. Cada dia fico mais fã dele.
O que mais o impressiona?
Oscar - É um menino muito bom, grande coração, alma limpa. Somado a isso, é bom jogador, completo, ágil, defende, passa bem, faz tudo bem. Já é um superjogador. Acredito que precisa fazer temporada fora, como estrangeiro, sofrer mais pressão. Só com tensão é que você melhora.
Rogério - O arremesso do Oscar é incrível. Mesmo marcado, faz a jogada, vence o bloqueio.
Folha - Vocês conversam?
Oscar - Procuro deixar mensagens que fiquem dentro dele. Alguma coisa que marque, sirva de estímulo para ele. Pode ser elogio ou até mesmo bronca.
Rogério - Ele incentiva, dá dicas de como usar melhor as pernas (no arremesso). Tenho muito o que aprender com ele.
Folha - Você acompanha os movimentos dele na quadra?
Oscar - Sim, mas só posso estimular. Tento passar princípios, coisas nas quais acredito. Digo para que se empenhe e que só quem ama o que faz pode fazer bem.
Rogério - Contra o Canadá foi incrível. Os caras grudaram no pé dele. Assim mesmo, fez 30 pontos. Como está habituado a ser marcado, quando fica com um adversário só, é vantagem certa. O Hélio Rubens (técnico) tinha alertado para que eu prestasse atenção no Oscar, como um dos melhores do mundo em visão da cesta. Ele não tem medo de marcação.
Folha - Como é ele na defesa?
Oscar - Bom defensor. Tem as qualidades de um jovem, ágil, rápido. E tem disposição.
Rogério - Não é o forte dele, mas a gente percebe que ele também tenta dar o máximo na defesa. O time deve ajudá-lo.
Folha - Você está pronto para a troca de posto?
Oscar - Seria interessante começar a `era Rogério' em clima positivo. Gostaria de dar a camisa 14 para ele durante a Olimpíada. Não gostaria que fosse após uma desclassificação.
Rogério - Psicologicamente, sim. Tenho treinado firme.

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