São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995
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Governo adia votação sobre a Vale

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A bancada governista no Senado conseguiu adiar a votação do projeto que submete a privatização da Companhia Vale do Rio Doce à prévia autorização do Congresso.
Em uma manobra no plenário do Senado ontem, os líderes governistas conseguiram aprovar um requerimento que remeteu o projeto à Comissão de Constituição e Justiça.
O requerimento, apresentado pelo líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE), foi aprovado por 41 votos contra 29.
Com o adiamento da votação, o governo pode ganhar mais 20 dias úteis antes de o projeto, de autoria do senador José Eduardo Dutra (PT-SE), voltar a plenário.
A estratégia de adiamento foi decidida ontem pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em reunião com os líderes do governo, no Palácio do Planalto.
Preocupado com a repercussão internacional negativa que teria a aprovação do projeto, o governo preferiu evitar o confronto.
A Bolsa de Valores de São Paulo registrou queda em seu movimento, que foi creditada à possibilidade de a Vale ter sua venda condicionada à aprovação parlamentar. Anteontem, o presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), havia dito ser contrário à privatização.
"A aprovação do projeto poderia ser interpretada no exterior como um recuo no processo de privatização", disse o líder do governo no Senado, Élcio Álvares (PFL-ES).
Ele reconheceu que o requerimento foi apresentado com o único objetivo de ganhar tempo.
Apesar do adiamento da votação do projeto de Dutra, o governo ainda terá de superar as resistências no Congresso à venda da Vale. Os líderes do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), e do PTB, senador Valmir Campelo (DF), dois partidos da base governista, votaram contra o requerimento.
Barbalho disse que apresentará projeto para a proibição de privatização da estatal.
Além da oposição de nacionalistas e contra a privatização, os interesses políticos regionais contribuem para que a venda da empresa pelo governo seja vista com desagrado por parlamentares.
A Vale tem um fundo de desenvolvimento que destina recursos no valor de até 5% do lucro líquido da empresa para ações de desenvolvimento nos Estados onde ela está implantada (veja quadro acima). No ano passado, o valor desse fundo atingiu R$ 30 milhões.

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