São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995
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PC do B raspa o bigode e renega Stálin, Albânia e o partido único

CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois da queda do muro, a queda do bigode. O PC do B, que abandonou o antigo ídolo Josef Stálin em busca de uma imagem mais "light", começa a derrubar também o bigodão inspirado no líder soviético que ficou quase tão marcado entre os membros do partido quanto a barba no PT.
É uma mudança também ideológica: em sua 8ª Conferência Nacional, encerrada ontem em Brasília, os comunistas anunciaram a busca de um socialismo ``genuinamente brasileiro", que admite até a economia de mercado.
A conferência foi marcada ainda pelo rompimento do PC do B com antigos mitos, como o partido único, e com seu próprio passado.
``A Albânia nunca foi um modelo para nós", disse o vice-presidente do partido, Renato Rabelo.
``Nunca fomos stalinistas", completou o líder do partido na Câmara, Aldo Rebelo (SP), alisando o bigode.
Na banca de livros da conferência, porém, havia vários títulos dedicados a Stálin.
O próprio livreiro Divo Guisoni e outros nomes do partido, como seu presidente e líder máximo, João Amazonas, e o vice Rabelo usam bigode, mas só o ex-bigodudo Aldo Arantes (GO) teve coragem de assumir: ``É óbvio que era uma influência stalinista."
Há uma semana, raspou o seu, cultivado durante 20 anos. Seu colega Benedito Bizerril, delegado do partido no Ceará, tirou há um ano o bigode que usava há 24.
O deputado estadual Jamil Murad (SP) confessou ter começado a cultivar o bigode quando entrou no partido, mas diz que não era inspirado em Stálin, e sim em Omar Shariff no filme "Dr. Jivago", ironicamente proibido pelo regime comunista soviético.

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