São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Leilão de cotas afugenta importadores

DA REPORTAGEM LOCAL

Importadores de automóveis podem deixar o país caso o governo institua leilões para definir o número de carros que cada marca terá direito a importar em 96.
"Nenhum importador tem poder de fogo suficiente para enfrentar as montadoras num leilão de cotas para importação", afirma Eduardo Souza Ramos, 50, presidente da MMC (importadora da marca japonesa Mitsubishi).
Souza Ramos acredita que as montadoras arrematariam a maior parte do volume limite de carros que seria imposto pelo governo.
"Elas têm condições de suportar reduções acentuadas nas suas margens de lucro e vencer a concorrência oferecida pelos importadores", diz Souza Ramos.
O representante da Mitsubishi avalia que, sobrando a menor parte dos carros para os importadores, o volume de vendas das marcas sem fábrica no país seria insuficiente para sustentar os investimentos já feitos no Brasil.
"Não haveria como manter as redes de concessionárias e muitas marcas poderiam encerrar suas atividades no país."
Segundo Clairto Acciarto, 48, gerente nacional de vendas da International Motors Company (importadora das marcas Lada e Subaru), sua empresa "provavelmente" baterá em retirada se a idéia do leilão de cotas prevalecer.
"A solução seria estabelecer uma cota exclusiva para os importadores", afirma Acciarto.
Na terça-feira passada, a Abeiva (associação dos importadores de automóveis) apresentou à ministra da Indústria e Comércio, Dorothea Werneck, uma proposta de auto-limitação para as importações das 32 marcas filiadas à entidade.
Segundo a Folha apurou, os importadores reivindicam para 1996 uma cota de 105 mil veículos, a ser repartida pelas 32 empresas representadas pela Abeiva.
Pela proposta, viriam mais carros para os associados à Abeiva em 96 que em 94 (77.944) e este ano (88.973). O volume equivale a 7% da produção nacional, estimada em 1,5 milhão de unidades.
A diretoria da Abeiva desmente que tenha sido esse o percentual reivindicado junto ao governo.
Mas quatro importadores, entre os 32 filiados à entidade, confirmaram a informação.

Texto Anterior: Fábricas brasileiras elogiam
Próximo Texto: Lada perde a liderança
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.