São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995 |
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Para tucanos, PFL reage à perda de poder
GABRIELA WOLTHERS
Segundo esta avaliação, colhida pela Folha entre os principais líderes tucanos no governo e no Congresso, o caso do Banco Econômico foi um divisor de águas na história recente do PFL. Ao propor a estatização do banco, o PFL teria caído em uma cilada -perdeu seu discurso liberal, que pregava reformas que reduziriam a intervenção do Estado na economia do país, e, segundo os tucanos, teria mostrado à opinião pública que as teorias do partido diferem de sua prática. Numa tentativa de reação, o PFL teria resolvido centrar suas críticas nos ministros mais próximos ao presidente Fernando Henrique -Sérgio Motta (Comunicações) e José Serra (Planejamento). Ao mirar nesses ministros, os pefelistas teriam adotado a estratégia de partir ao ataque, deixando claro a FHC seu descontentamento com o desgaste do caso Econômico. Motta é secretário-geral do PSDB e Serra foi eleito senador com maior número de votos. Para o PSDB, não é simples coincidência o fato de as críticas dos pefelistas se voltarem principalmente à suposta demora do governo em privatizar estatais. O discurso tentaria resgatar um trabalho que o PFL elabora há mais de nove meses -o "projeto PFL 2000", que objetiva transformar o partido no mais importante do país até o final do século. Um dos principais tópicos do projeto é fazer com que a legenda consiga obter o maior espaço na mídia para divulgar suas idéias liberalizantes. Essa relação do PFL com a mídia já foi tema de conversas da cúpula tucana com FHC. Eles consideram que a imprensa daria a pefelistas mais poder do que eles realmente teriam. Os tucanos utilizam frequentemente como exemplo o fato de o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) conseguir destaque na imprensa quando critica membros do governo. Para a direção do PSDB, isso seria demasiado para uma pessoa que, segundo os tucanos, não tem acesso às decisões centrais de governo FHC. O PSDB avalia que o PFL começou a ficar acuado já em agosto. Os pefelistas teriam como mola propulsora de sua força no governo a unidade que demonstrou nas votações das reformas constitucionais do primeiro semestre. Mas percebeu que não conseguiria manter a uniformidade de votos a favor do governo na segunda metade do ano. As reformas tributária e administrativa encontram resistências na bancada. Sentindo que as dissidências em sua base parlamentar poderiam aumentar, FHC acenou para a volta do diálogo com a esquerda -o que agravou o estremecimento dentro do PFL. Texto Anterior: Líderes pefelistas passam dia atacando tucanos Próximo Texto: Relator de projeto que regulamenta eleição muda texto e agrada a PFL Índice |
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