São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995
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BC aprova aumento acima da inflação para seus servidores

GUSTAVO PATÚ; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A diretoria do BC (Banco Central) aprovou, no mês passado, reajustes de 38% acima da inflação para funcionários em início de carreira.
A proposta preocupa o Ministério do Planejamento, responsável pelo controle de despesas de estatais e autarquias -como o BC.
Pela proposta, que é defendida inclusive pelo presidente do BC, Gustavo Loyola, os reajustes variam entre 38% e 1% -os percentuais são decrescentes conforme o tempo de casa-, fora a correção normal pela inflação na data-base.
Este reajuste deve ser pago em setembro, caso seja ratificado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), do qual faz parte o ministro José Serra (Planejamento).
Teme-se na equipe de Serra que a concessão dos reajustes no BC provoque reivindicações semelhantes nos bancos federais, como o Banco do Brasil e a CEF (Caixa Econômica Federal).
Nessas instituições, os funcionários também têm data-base em setembro.
O presidente do BC, Gustavo Loyola, se posicionou a favor do reajuste salarial diante da evasão de funcionários do órgão.
Somente neste ano, pelo menos 130 servidores, na maioria em início de carreira, deixaram o BC em busca de melhores salários.
Segundo os dados obtidos pela Folha, o salário de ingresso no BC é de R$ 722, chegando a R$ 902 com as gratificações.
Se aprovado o reajuste de 38%, o salário inicial do BC subirá a R$ 1.244. Não há estimativa do quanto isso vai custar para os cofres públicos.
Sobre este valor será acrescido ainda a correção normal na data-base, que ficará em pelo menos 20% segundo a expectativa dos funcionários. Ou seja, o salário chegaria a R$ 1.492 -reajuste total de 65,5%.
No BC e no Sinal, sindicato dos servidores do órgão, o assunto é tratado sob sigilo. O medo é que a divulgação da proposta inviabilize sua aprovação no governo.
Comunicado do Sinal aos funcionários, datado de 1º de setembro, informa que a direção do BC pediu "discrição" na divulgação dos reajustes aprovados.
A Folha procurou ontem o Sinal, em Brasília, para obter mais detalhes sobre a proposta do BC. Um funcionário, que não quis se identificar, negou haver a negociação.
"Não há nada disso, é uma informação errada, quem tem de responder é o BC", disse o funcionário, ao ser questionado sobre o comunicado. O BC também não comentou o caso.

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