São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995
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Países da AL unificam lei sobre tráfico

LILIANA LAVORATTI
DA ENVIADA ESPECIAL A QUITO

Governos de 14 países latino-americanos decidiram ontem adotar uma legislação comum contra o tráfico de drogas.
A decisão foi tomada ontem por 12 presidentes e dois vice-presidentes presentes à 9ª Cúpula do Grupo do Rio, que acabou ontem em Quito (Equador).
O Grupo do Rio é um fórum de consulta permanente de 14 países de América Latina e Caribe, criado em 1986 no Rio de Janeiro. O consenso sobre o narcotráfico é um dos pontos principais do documento final do encontro, denominado "Declaração de Quito".
O vice-presidente do Brasil, Marco Maciel, que representou Fernando Henrique Cardoso no encontro, disse ontem que "o combate isolado ao tráfico de drogas não está sendo eficiente".
Além da adoção de uma legislação comum por parte dos países produtores de drogas ou que servem de rota para o narcotráfico, os chefes de Estados querem que os principais países consumidores -entre eles os Estados Unidos- assumam sua parcela de responsabilidade "com maior clareza e decisão" na solução do problema.
Esta posição foi uma das mais defendidas pelo Brasil durante a reunião. Apesar de não estar entre os principais produtores de drogas -caso da Colômbia e Bolívia-, o Brasil faz parte da rota internacional de tráfico.
A corrupção também foi vinculada ao tráfico de drogas. Os chefes de Estado se comprometeram em concentrar esforços contra estes crimes, que no seu entender dificultam a consolidação da democracia.
Em nenhum momento da reunião foi feita referência à crise vivida pela Colômbia, onde o presidente do país, Ernesto Samper, é acusado de ter recebido dinheiro do narcotráfico para sua campanha eleitoral.
Os representantes dos países entregaram, por sua vez, uma carta elogiando o trabalho de Samper contra o narcotráfico.

Câmbio
Outro compromisso firmado pelos governantes latino-americanos em Quito foi a criação de mecanismos que possam prevenir os países em desenvolvimento de crises cambiais como a vivida pelo México no final do ano passado.
A proposta é negociar junto a organismos internacionais -Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento- a reforma do sistema financeiro internacional.
O objetivo é evitar o movimento especulativo de capitais estrangeiros que migram de um país a outro em busca da melhor remuneração. Como os países que passam por planos de estabilização econômica -México, Brasil e Argentina- praticam altas taxas de juros, ficam vulneráveis à transferência rápida de grandes volumes de recursos.
No Brasil o tema será discutido em um seminário, ainda neste semestre, organizado pelo governo com a participação de partidos e entidades civis.
A participação de Cuba no Grupo do Rio, um dos temas de destaque da 8ª cúpula do grupo, realizada ano passado no Rio de Janeiro, nem chegou a ser tratada desta vez.
O presidente da Argentina, Carlos Menem, é o principal opositor à integração cubana.

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