São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995
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Sabesp anuncia obras sem ter dinheiro

PATRICIA DECIA

Empresa tentará empréstimos para conseguir parte dos R$ 693 milhões necessários para acabar com os rodízios de água

A Sabesp não tem os recursos necessários para realizar o cronograma de obras divulgado anteontem que visa acabar com o rodízio de água na região metropolitana de São Paulo em três anos.
São investimentos de R$ 693 milhões até 1998 num programa de obras emergenciais para aumento da produção de água e redução das perdas.
O presidente da empresa, Ariovaldo Carmignani, 51, diz que está procurando empréstimos e alternativas para conseguir o dinheiro. "Não vai ser fácil, mas vamos ter que fazer esse dinheiro aparecer. É um desafio", afirmou.
Segundo ele, a previsão é que um terço do total seja financiado por empréstimos de entidades internacionais e repasse da Caixa Econômica Federal.
Outra terça parte seria obtida pelo esquema de subconcessões. Trata-se de passar para a iniciativa privada o trabalho de construção e operação de, por exemplo, uma estação de tratamento de água.
A empresa seria "dona" da estação por um tempo determinado (20 ou 30 anos). Durante esse período, a água produzida seria comprada pela Sabesp.
Serão abertas licitações para esse tipo de empreendimento, onde as empresas definirão o quanto vão cobrar por metro cúbico de água produzida. Segundo Carmignani, o projeto está sendo acompanhado pelo vice-governador do Estado, Geraldo Alckmim.
A última parte dos recursos deverá vir de dinheiro gerado dentro da Sabesp. A empresa terá que investir R$ 231 milhões nessas obras, quase o total de investimentos da empresa este ano -cerca de R$ 240 milhões.
Os investimentos específicos para a produção e tratamento de água na região metropolitana em 95 estão estimados em cerca R$ 54 milhões. Desse total, apenas 9,5 milhões são destinados às obras do cronograma.
A Sabesp fechou o ano de 94 com dívidas de R$ 634 milhões. Até 31 de agosto, haviam sido pagos R$ 376 milhões. O restante está sendo renegociado.
Carmignani afirma que, até a conclusão das obras, a população da região metropolitana será submetida a constantes rodízios no fornecimento de água.
Ele acredita que a situação não será pior do que no último verão, quando 6,5 milhões de pessoas passaram por racionamento de água por causa da seca prolongada que diminuiu a capacidade das represas que abastecem a cidade.
"Este ano os mananciais estão com níveis bons. Mas tem uma coisa que se chama imprevisibilidade das leis da natureza", diz.
Caso a estiagem se repita, a situação se agravará mais ainda, de acordo com o presidente.

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