São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995
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Governo quer reduzir ação do BB no crédito agrícola

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo quer que o Banco do Brasil reduza suas operações com o crédito agrícola. A idéia é tirar do banco a responsabilidade de financiar a maior parte dos recursos aplicados em custeio e investimento das safras.
O setor agrícola está inadimplente em R$ 4,5 bilhões com o banco. No total, o Banco do Brasil tem mais de R$ 11 bilhões de créditos em atraso.
Esses números, anunciados ontem pelo presidente do banco, Paulo César Ximenes, são preocupantes para a instituição. Ontem, na comissão especial que discute a política agrícola na Câmara, Ximenes disse que o banco está mais cauteloso para emprestar recursos aos produtores.
"O BB tem de ser cuidadoso na análise da capacidade de pagamento dos tomadores de empréstimos, o que no caso do crédito rural, está diretamente vinculado aos níveis dos preços agrícolas", afirmou Ximenes aos deputados.
Por causa disto, o BB pretende reduzir os empréstimos para o setor, pois considera preocupante o crescimento da inadimplência dessas operações.
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Dias, disse que o BB não tem condições de cumprir o já tradicional modelo de política agrícola.
"O BB não pode carregar sozinho o crédito agrícola", disse ele à Folha. No ano passado, 90% da safra foram bancadas pela instituição. O banco alocou R$ 6 bilhões para custeios e investimentos da produção.
Somente em julho, o BB registrou um prejuízo de R$ 600 milhões. Os recursos investidos no crédito rural não-pagos, R$ 4,5 bilhões, são superiores ao patrimônio líquido do banco em junho (R$ 4,4 bilhões).
"Toda a ação dessa política não pode ficar com o BB. Queremos que outros bancos entrem com mais interesse nesse mercado"', afirmou Dias.
Atualmente, a única obrigação imposta aos bancos privados é a aplicação, na agricultura, de 17% do compulsório recolhido ao Banco Central sobre os depósitos à vista.

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