São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995
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TV, jornais e revistas invadem ciberespaço

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Você já se pegou mudando freneticamente os canais de TV atrás de uma notícia de última hora? Ficou insatisfeito com um artigo de revista? Xingou um repórter que não fez a pergunta que você gostaria de ter feito?
Se sua resposta a uma dessas três questões é afirmativa, bem-vindo ao mundo dos "news junkies". É o tipo de gente que se apaixona por um assunto e não pode passar sem ele, tanto quanto um viciado não fica sem a dose diária de sua droga preferida.
Nos EUA, eles existem aos milhares. Um fenômeno que transformou o julgamento de O.J. Simpson, o ex-jogador de futebol americano acusado de matar a ex-mulher e um amigo, em obsessão nacional.
Esse consumidor insaciável de notícia é o motor por trás da invasão da mídia no ciberespaço. Não passa um dia sem que seja anunciado o projeto de uma grande empresa para distribuir informação on line. Hoje em dia, pelo menos 500 publicações americanas já atiram aos "news junkies" sua versão eletrônica, reciclando informação antes só encontrável nas bancas.
A oferta é capaz de satisfazer até o mais viciado dos leitores. Se você mora em Nova York, mas nasceu em San José, na Califórnia, e quer saber o que acontece em sua cidade de origem, basta consultar pelo computador a edição diária do "Mercury News".
Para o leitor da "Time" que não se conformava em esperar a chegada de sua revista pelo correio, a versão eletrônica pode ser lida na íntegra no domingo à noite, antes mesmo de a revista chegar aos jornaleiros.
No caso da "Time", o leitor inconformado com um artigo não tem mais que apelar para a seção de cartas. Pode reparar um erro, criticar um repórter ou expressar sua opinião mandando mensagens por correio eletrônico.
Não imagine que esse mundo é exclusivo dos que se preocupam com as crises internacionais, como a guerra civil na Bósnia. Tem espaço para todo tipo de "news junkie". Até para a dona de casa que quer saber a biografia do galã da novela vespertina.
As três maiores redes americanas de TV oferecem serviços on line para matar a curiosidade dos telespectadores. No caso da ABC, você pode ler o resumo do capítulo da novela que perdeu e descobrir detalhes sobre a vida pessoal do mocinho que derrete corações.
Para jornais, revistas e emissoras de TV, a Internet e as redes comerciais são um formato lucrativo para reempacotar notícias e entretenimento. Para o consumidor ansioso, do tipo que espera a chegada do entregador de jornal de manhã, as vantagens são muitas.
Por US$ 12,95 mensais, uma fração do custo de banca, um americano já pode assinar a edição eletrônica do "USA Today", com direito a virar o jornal do avesso durante três horas (US$ 2,50 por hora adicional). Com o correr do dia, as notícias vão sendo atualizadas e é possível ir dormir sabendo as manchetes do dia seguinte.
Se o seu vício é cruel e precisa ser amenizado por várias fontes, também já há saída. As redes comerciais oferecem a possibilidade de criar um arquivo por assunto.
Por exemplo: O.J. Simpson. Toda vez que o nome aparecer em um artigo de publicação eletrônica ligada a um desses serviços, a reportagem vai direto para seu arquivo pessoal, com limite de 500 títulos. O suficiente para matar qualquer "news junkie" de overdose.

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