São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Betty Friedan pede fim da guerra dos sexos

SS
DA ENVIADA ESPECIAL

Betty Friedan pede fim da guerra dos sexos
Uma das pioneiras do feminismo, Betty Friedan, 74, acredita que está na hora de "transcender as políticas sexistas" e deixar para trás o polarismo entre homem e mulher, em busca de "um novo conceito de comunidade".
Por onde passa -no fórum paralelo, em Huairou, ou no encontro oficial, no centro de Pequim-, Friedan cria aglomerações.
Suas palestras estão entre as mais concorridas. Friedan tem repetido que o movimento feminista deve se ocupar de questões ligadas à pobreza. "Não adianta falar em liberação sexual e outras coisas se as mulheres vivem na miséria e não têm independência econômica", afirma.
Ela defende que as mulheres parem de lutar "com raiva excessiva" contra os homens porque é "preciso trabalhar em conjunto".
Friedan acredita que os avanços foram enormes nesses últimos dez anos. "Muita coisa mudou desde o encontro em Nairóbi (Quênia), há dez anos. Temos um número recorde de pessoas nas ONGs. E as delegações oficiais melhoraram. Elas não são formadas apenas por mulheres de presidentes, mas trazem pessoas que trabalharam nos movimentos feministas."
Para Friedan, o documento que será discutido no fórum oficial da conferência, em Pequim "é muito bom e, se os países assinarem, será maravilhoso, porque haverá um compromisso mundial com as questões da mulher".
Sobre as pressões que o governo chinês está fazendo no encontro das ONGs, Friedan disse que será uma vergonha para a China se o fórum fracassar.
"O que eles pensam sobre as mulheres está muito claro. Onde eles colocaram o local para protestos? Em um jardim de infância!", disse Friedan, referindo-se a um "protestódromo" criado pelos chineses no pátio de uma escola.
Ainda sobre a China, Friedan disse que mudou "um pouco de opinião sobre o controle da natalidade".
"Estive na China anteriormente há um mês e me encontrei com mulheres. A minha impressão é de que elas apóiam essa política de apenas um filho por casal. As cidades são muito populosas. As pessoas andam de bicicleta porque, se todos tivessem carro, seria impossível. E vivem em casas muito apertadas".
Autora do best-seller "A Mística Feminina", escrito em 1963, Friedan ainda é uma das principais influências no movimento feminista de todo o mundo.

Texto Anterior: Idioma atrapalha brasileiras na China; PROTESTO; Falta rampa em sala para deficientes; Brasileira é destaque em tenda de lésbicas; Jornal faz edição de 28 metros de largura; Evento muda forma de fotos oficiais; Bumba-meu-boi vira sucesso de vendas; UM CASAL, DOIS FILHOS
Próximo Texto: ONU considera retirada de armas insuficiente, e sérvios são atacados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.