São Paulo, quarta-feira, 6 de setembro de 1995
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Greenpeace aceita erro e se desculpa com Shell

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

O Greenpeace enviou anteontem à Shell pedido de desculpas por ter superestimado a quantidade de petróleo a bordo da plataforma Brent Spar. Em junho, o grupo liderou campanha contra o afundamento da instalação no mar do Norte.
Na época, o grupo condenou a decisão da empresa petrolífera de promover o afundamento da plataforma obsoleta, sob o argumento de que haveria aumento de poluição no mar do Norte.
Segundo estimativas do Greenpeace feitas na época, cerca de 5.500 toneladas de petróleo estariam estocados na plataforma. Além disso, a instalação conteria resíduos tóxicos e radiativos.
Após admitir o erro, o grupo disse não ter idéia de quanto petróleo há plataforma.
Na carta dirigida à Shell, o diretor-executivo da entidade no Reino Unido, lorde Peter Melchett, admitiu que os ativistas do movimento erraram ao medir a quantidade de petróleo armazenado.
No entanto, em declaração à imprensa divulgada ontem, o Greenpeace reafirmou sua oposição ao abandono no mar de instalações petrolíferas obsoletas.
O grupo defende o desmantelamento das plataformas em terra e a reutilização da sucata, processo mais dispendioso.
"Embora lamentável, o Greenpeace não considera de fundamental importância o equívoco nos cálculos ", disse Sue Mayer, diretora científica do Greenpeace no Reino Unido.
Ontem, o presidente da Shell do Reino Unido, Chris Fay, disse que o pedido de desculpas representava "mais um passo na direção correta" sobre o que fazer com instalações petrolíferas obsoletas.
Em junho, a empresa, com apoio do governo britânico, defendeu o afundamento das plataformas como a solução menos danosa ao meio ambiente.
No entanto, a Shell do Reino Unido foi forçada a desistir de seus planos em 20 de junho, depois que consumidores de vários países europeus, especialmente alemães, iniciaram um boicote aos produtos da empresa.
Atualmente, a instalação -de 14 mil toneladas e 130 metros de altura- está ancorada em um fiorde (golfo estreito e profundo, entre montanhas altas) na Noruega.
Segundo Fay, o destino da plataforma só será decidido após consulta a todos os envolvidos, inclusive o Greenpeace e representantes da sociedade civil.

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