São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 1995
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Petrobrás oferece 29,8% de reajuste para tentar evitar greve de petroleiros

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobrás ofereceu ontem aos petroleiros reajuste salarial médio de 29,8% para a renovação do acordo salarial da categoria a partir do dia 1.o deste mês.
O índice é 42,31% maior que os 20,94% do índice oficial proposto inicialmente pela empresa.
O índice oficial corresponde à variação do IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em Real) entre setembro/94 e junho/95.
O governo extinguiu o IPC-r para acabar com a indexação de salários em medida provisória edita em junho.
O presidente da Petrobrás, Joel Mendes Rennó, disse à Folha que a elevação da proposta foi autorizada pelo MME (Ministério das Minas e Energia).
Segundo ele, para conceder o novo índice a empresa não vai precisar reajustar os preços dos combustíveis.
Rennó disse que não consultou a área econômica do governo para fazer a proposta porque o interlocutor da Petrobrás é o MME. Ele disse acreditar que o MME tenha recebido o sinal verde da equipe econômica.
Segundo Rennó, o novo reajuste comporta um aumento médio de 4,16% a título de ajuste entre os níveis salariais da empresa.
Esse ajuste estava previsto em protocolo assinado em novembro do ano passado entre a empresa e a FUP (Federação Única dos Petroleiros) e seu não-cumprimento foi o motivo de uma greve de um mês feita pelos petroleiros em maio/junho deste ano.
Rennó disse que o estudo dos chamados interníveis autorizado pelo TSE (Tribunal Superior do Trabalho) tinha prazo de um ano para ser feito e que sua aprovação agora estaria dentro da lei. Pelos cálculos da FUP, o reajuste dos interníveis seria entre 12% e 16%.
Os 3,04% que faltam para completar a nova oferta da empresa aos seus empregados serão dados a título de produtividade.
Segundo Rennó, eles são consequência do aumento da produção de petróleo e gás, da capacidade de refino e de outros indicadores da produção.
Até as 20h30 de ontem, representantes da empresa e da FUP ainda estavam à mesa de negociações. “Pelo menos agora já é possível negociar”, disse o presidente da FUP, Antônio Carlos Spis, em um intervalo da reunião.
O governo teme que uma nova greve seja convocada pelos petroleiros em caso de fracasso nas negociações e que ela seja acompanhada por outras categorias que servem ao Estado com data base em setembro, como os bancários.
A principal preocupação é, com o desgaste político que uma greve em duas frentes traria ao governo por afetar serviços.

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