São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 1995
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PM quer afastar posseiros das terras de FHC

DO ENVIADO ESPECIAL A BURITIS

A Polícia Militar de Minas Gerais dá um ultimato hoje a cerca de 700 famílias de sem-terra para que elas desocupem, em 48 horas, a fazenda Barriguda, na região de Unaí (MG), a 250 km de Brasília.
Os líderes da ocupação prometem resistir à ação da PM. A área fica a 30 quilômetros da fazenda Córrego da Ponte, que pertence ao presidente Fernando Henrique Cardoso e ao ministro das Comunicações, Sérgio Motta.
A ocupação foi iniciada no dia 1º de setembro, organizada pelo Movimento dos Sem-Terra, com base em levantamento junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. A fazenda foi apontada como improdutiva em vistoria realizada em 1993.
O coronel Geraldo Oliveira vai acompanhar um oficial de Justiça e intimará os sem-terra a cumprir a liminar de reintegração de posse, expedida no dia 2 de agosto pelo juiz João Martiniano Neto.
Celito Costa, um dos líderes da ocupação, afirmou que os sem-terra não vão sair da área. "Só sairemos daqui se conseguirmos terras para produzir", disse Costa.
O juiz Martiniano Neto afirmou que não interessa saber se a fazenda é produtiva ou não. O fato, disse ele, é que a área foi invadida e há necessidade de se respeitar o direito de propriedade da terra.
O MST entrou ontem com recurso contra a liminar concedida pelo juiz em favor do fazendeiro, alegando irregularidades no documento. A liminar foi assinada no dia 2 de setembro, um sábado, quando a Justiça não funciona. "Ou o juiz assinou a liminar em casa, na frente do fazendeiro, ou foi até a casa dele", disse Costa.

Andrade Vieira
O ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira, respondeu a críticas da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) sobre a política agrária.
Em fax ao presidente da entidade, d. Lucas Moreira Neves, datado de 28 de agosto, Vieira diz que as famílias assentadas em 1995 (14,6 mil) mostram que o programa é satisfatório.

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