São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 1995
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Assassino depõe em ação contra hipermercado

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ajudante de serralheiro Ricardo Lima Santos, 19, que confessou ter matado Lucicleide de Souza França, 36, vai depor hoje como principal testemunha na ação de indenização que a família da corretora de imóveis move contra o hipermercado Paes Mendonça.
Lucicleide foi morta em 29 de julho, em frente à sua filha de sete anos, J.C.F.J. Elas foram sequestradas no estacionamento do hipermercado Paes Mendonça Morumbi e levadas às proximidades do colégio Porto Seguro (zona oeste), onde ocorreu o crime.
Santos foi preso quatro dias depois e confessou o crime. Agora, os três filhos de Lucicleide pedem na Justiça R$ 10 milhões de indenização por danos morais.
Eles também querem receber pelos lucros cessantes (o que a corretora deixa de produzir até 75 anos) estimados em cerca de R$ 2,4 milhões e pelos danos materiais (custos com enterro mais o tratamento psicológico de J.C.).
A advogada da família, Ângela Costa, 36, afirmou que o hipermercado responde à ação por ser o local de início do crime. " Se ela não tivesse sido sequestrada, nada teria acontecido", disse.
A advogada conseguiu na Justiça que o depoimento de Santos fosse antecipado. O testemunho está marcado para as 14h30 de hoje na 34ª Vara Cível.
"Pedimos a antecipação porque ele corre risco de vida na prisão e já manifestou intenção de cometer suicídio."
Com o depoimento, ela pretende confirmar que Santos só foi ao hipermercado para cometer o roubo e que o crime teria sido facilitado pela falta de segurança.
Ângela Costa classifica o ajudante como testemunha perigosa. "Ao que parece, ele está versado em mentir para a polícia e vai avaliar o que é melhor para ele", disse.
Para o advogado Carlos Roberto Gonçalves, especializado em responsabilidade civil, é improvável que a família ganhe a indenização.
Segundo ele, não existem casos em que uma empresa seja responsabilizada por um fato ocorrido fora de suas dependências.
"Direito é bom senso. Nós defendemos uma nova interpretação", disse a advogada. Ela descarta a possibilidade de um acordo com o Paes Mendonça. "Eles não têm interesse. Se houver a condenação, será a primeira de muitas."

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