São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 1995
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Empresa aérea diz que não foi informada

DA REPORTAGEM LOCAL

A Skyjet, que freta aviões para fazer o transporte de turistas para St. Martin (Caribe), diz que foi alertada sobre a passagem do furacão por St. Martin apenas na segunda-feira da semana passada.
"Não sabíamos do furacão. Só soubemos na segunda-feira", diz Angelo Mourão, presidente da empresa Skyjet.
Os turistas chegaram a St. Martin no sábado anterior, dia 2. O auge do furacão aconteceu durante todo o dia de terça, dia 5. Pelo menos 15 pessoas morreram, e a ilha ficou destruída.
Famílias de turistas brasileiros passaram a semana no saguão do hotel Maho Beach. Foram obrigados a racionar comida e água.
Eles dizem que, assim que chegaram à ilha, foram informados no aeroporto do furacão. "Quando chegamos, todo mundo já sabia. A agência tinha que saber. Vivemos mais de dez horas de desespero", diz o empresário Jorge Mussi, 46.
As três operadoras (Mundirama Turismo, CVC Agências de Viagens e Turismo e Dimensão Turismo), responsáveis por 219 turistas, negam que soubessem do furacão antes da viagem.
A Mundirama divulgou nota ontem afirmando que "jamais colocaria em risco a vida dos passageiros se soubesse o que iria acontecer". A nota não menciona uma possível indenização aos 134 passageiros levados pela operadora.
Dolores Facella, 42, da chefe do Departamento de Controle de Qualidade e Atendimento ao Passageiro da CVC, diz que a operadora está disposta a conversar com os passageiros sobre um possível ressarcimento dos danos.
Eduardo Abreu, 35, gerente de vendas da Dimensão, também diz que a empresa poderá negociar "caso a caso" uma indenização.
Cada turista pagou, em média, cerca de R$ 1.100 pelo pacote, que incluía estadia de oito dias, passagem aérea e, em alguns casos, café da manhã.
Os turistas dizem que vão entrar na Justiça com um pedido de indenização por danos morais e materiais. O advogado Manoel Sorrilha, um dos turistas, deverá ser o representante oficial do grupo. Ele ainda está reunindo argumentos para apresentar a ação.
"O dinheiro que nós gastamos não foi o pior. Nada vai pagar o desespero que senti", afirma a dentista Ivana Garbui, 32, que ficou hospedada no Maho Beach.
Ivana ficou, por alguns minutos, presa do lado de fora do hotel na hora do furacão. "Ouvimos o alarme de incêndio e descemos do 7º andar pela escada de incêndio, mas ela dava do lado de fora do hotel. Quando percebemos, estávamos do lado de fora do hotel no meio de um vento de 200 km/h."

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