São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 1995
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Artista picha a própria escultura

MYRIAN VIOLETA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Delegacia Metropolitana de Cuiabá (MT) envia nesta semana ao Juizado Especial Criminal de Pequenas Causas inquérito policial que aponta o escultor Jonas de Lima Correa Neto como autor de atos de vandalismo e depredação do patrimônio público.
Ele deverá ser submetido a processo judicial e poderá ser condenado a até seis anos de prisão.
No último dia 5 de junho, Correa Neto jogou tinta preta na escultura de sua autoria que fica diante do Fórum Cível de Cuiabá.
Ele foi preso em flagrante e solto no mesmo dia mediante pagamento de fiança. Segundo o escultor, a atitude foi um protesto. Ele reclama parte do pagamento pela confecção da obra, embora não tenha assinado nenhum contrato de prestação de serviço.
O escultor teria apresentado ao então presidente do fórum, Aparecido Chagas -atual juiz da 9ª Vara Cível-, e ao vice, José Tadeu Cury -atual desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso- a proposta de fazer uma escultura da Themis (deusa da mitologia grega que representa a Justiça).
Pela escultura, de 4,5 metros e quatro toneladas, Correa Neto pediu US$ 16 mil e acertou o preço final em US$ 10 mil.
O juiz e o desembargador negam ter feito acordo com o escultor (veja texto ao lado).
"Claro que o Jonas negociou com os dois", afirma o arquiteto Eid. Segundo ele, o acordo previa que o fórum iria procurar apoio de empresas para pagar a escultura.
"Não foi por causa da dívida que eu manchei a escultura. Foi porque eles negaram que me devem", afirma Correa Neto, que diz ter recebido até agora o equivalente a US$ 8.000 de empresários da cidade.
Para o escultor, a tinta serviu para "completar" a obra. Só ele poderá reconstituí-la, de acordo com a Lei dos Direitos Autorais.
Segundo o atual presidente do fórum, Manoel Ornellas, qualquer medida referente à escultura só será tomada depois que a Justiça se pronunciar.

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