São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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FHC rebate críticas e põe recessão entre aspas

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS

O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou palestra a uma comissão especial do Parlamento Europeu para rebater críticas à política econômica, sem citar nominalmente os críticos.
"Falam em recessão entre aspas, quando na verdade o que há é desaquecimento do ritmo de atividades, desaquecimento provocado pela ação do governo", foi disparo de FHC em direção aos setores empresariais que já usam a palavra recessão, sem aspas.
Depois entrou no tema do desemprego, que já provocou manifestações de empresários e sindicalistas: "Não é a estabilização, mas a modernização (da economia), que causa o desemprego".
Lamentou o que chamou de "escândalo" que se faz quando se anunciam demissões na indústria automobilística: "Com a modernização, a indústria automobilística, por exemplo, dispensa 10 mil trabalhadores e se arma um escândalo. É questão de tempo para que se criem outros 10 mil empregos."
"Não estamos provocando situações de desespero ou de falta de esperança", completou, não sem antes citar dados positivos sobre a economia brasileira.
Outro capítulo de sua exposição levou o selo clássico da retórica social-democrata nas observações sobre mercado e Estado.
"São vãs as teorias que pensam que basta emagrecer o Estado para o mercado engordar e, com o mercado mais gordo, se disseminar a prosperidade. Não é assim", disse.
Depois: "O mercado é a base da economia contemporânea, mas não é o mecanismo adequado para reduzir as desigualdades sociais".
Os mesmos temas reapareceriam na fala do presidente a Organizações Não-Governamentais mais tarde. Citou a desigualdade e a concentração de renda como a pior parte da "pesada herança" que o seu governo recebeu.
Às ONGs, FHC disse que "certas formas de desenvolvimento podem acentuar situações de tensão". E citou o desemprego europeu como uma fonte de tensão.
"Não pode ser diferente em um país em desenvolvimento. Mas nosso ponto de partida já é difícil (na comparação com a Europa)".
Ainda na palestra ao Parlamento Europeu, FHC disse que a imposição de cotas de importação de veículos foi "uma decisão tomada por causa de uma situação de urgência". Garantiu que "não é coisa permanente". A imposição de cotas é criticada por europeus, coreanos e norte-americanos.
(CR)

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