São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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Tucano faz apelo a ONGs

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS

O presidente Fernando Henrique Cardoso desarmou qualquer possível crítica de ONGs (Organizações Não-Governamentais) européias com um apelo para que passem a ser "neo-governamentais".
Ou seja, ajudem o governo a resolver problemas como o da desigualdade social, a discriminação racial ou sexual, violações aos direitos humanos e a defesa do meio-ambiente.
"Ou a sociedade se organiza ou será impossível reverter tudo isso", disse o presidente. A expressão neo-governamental, como jogo de palavras com não-governamental, pertence ao sociólogo espanhol Manuel Castells, amigo de FHC e por ele citado.
Mesmo sem o apelo, FHC teria desarmado as ONGs porque os temas que elas selecionaram para discutir foram respondidos na linha proposta pelas próprias ONGs:
1 - A cooperação do mundo desenvolvido para a preservação ambiental em especial da Amazônia.
FHC concordou que há uma responsabilidade compartilhada e criticou o G-7, o grupo dos países mais ricos, que alocou cerca de US$ 1,5 bilhão em 1991 para evitar a depredação amazônica.
"É peanuts", fulminou FHC, usando expressão inglesa que literalmente significa amendoins mas pode ser traduzida como migalhas.
2 - Política para os indígenas. Só com a menção a Marcio Santilli, recém-nomeado para a Funai, FHC ganhou o público. Santilli é ligado à ONG Aliança Européia com Povos Indígenas.
3 - Participação da sociedade civil na avaliação de projetos de desenvolvimento. FHC lembrou que as instituições financeiras brasileiras estão adotando agora os mesmos critérios do Banco Mundial para a concessão de empréstimos.
4 - Direitos humanos. Discutiu-se questões pontuais, como a transferência para a área federal da investigação de violações, já anunciada por FHC.

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