São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995 |
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Igreja critica campanha do Ministério da Saúde
ANTONIO ROCHA FILHO
A campanha será veiculada em rádio e TV e trará uma música -o "Melô do Bráulio". Em ritmo de forró, a música diz: "Bráulio é safado/ Grosso, metido e velhaco/ Entra em qualquer buraco/ Ele é um grande gozador". A opinião da Igreja foi manifestada por Fernando Altemeyer Júnior, vigário de comunicação da Cúria Metropolitana de São Paulo. Para ele, "o cérebro do Bráulio é oco". Segundo Altemeyer, a campanha "erra ao considerar que o povo não tem capacidade de discernimento". "Outro equívoco é dissociar o pênis da própria pessoa. Pela psicanálise, o pênis não é uma identidade independente", afirmou. Na opinião de Altemeyer, a campanha deveria ser direcionada às mulheres, e não aos homens. "Atualmente, a maior incidência de contágio é entre as mulheres." Para Margareth Arilha, 38, secretária-executiva da Comissão de Cidadania e Reprodução, "a campanha é excelente". "Ela é ousada e precisa ser vista em um contexto da programação do ministério. É dirigida a determinado público-alvo, homens de 20 a 40 anos, de baixa renda. Já foram feitas campanhas para mulheres, por exemplo", disse. Segundo ela, os homens a serem atingidos pela campanha são os companheiros das mulheres que estão sendo infectadas. O médico cancerologista Drauzio Varella, 52, diz que, embora não tenha visto a campanha na TV, acha que ela é "mais alegre". "Para mudar o comportamento das pessoas não adianta ficar falando em desgraça. Pode ser que algumas pessoas se choquem com a linguagem da campanha. Mas elas têm a opção de mudar de canal por alguns segundos", afirmou. Texto Anterior: SP vai testar vacina contra Aids em 300 voluntários Próximo Texto: Cobrança irregular de cirurgias é investigada Índice |
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