São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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Banco procura operar com grande empresa

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 25% dos recursos que os bancos emprestavam para as pequenas empresas já foram redirecionados para as grandes. Os números são do presidente do Banco Real, Paulo Guilherme Ribeiro.
Esse deslocamento e a maior competição entre os bancos neste segmento acabaram barateando o custo dos empréstimos. O crédito, diz Ribeiro, vai continuar sendo concedido de forma muito seletiva, mesmo na véspera do Natal.
Se a oferta de crédito está concentrada, há também, segundo ele, uma tendência à concentração do próprio sistema bancário.
"A tendência é de se procurar cada vez mais ganhos de escala e de produtividade. Nesse sentido, as fusões são perfeitamente cabíveis", afirma, para depois acrescentar que "tem agência demais e não banco demais no Brasil".
Élvio Aliprandi, da Associação Comercial de São Paulo, dá outro dado para mostrar que, mesmo no comércio, há um movimento de concentração em curso.
Segundo ele, em agosto de 1994 as grandes lojas foram responsáveis por 75% das consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito); em agosto deste ano, o percentual havia subido para 85%.
Inadimplência
Ribeiro avalia que a inadimplência (atrasos nos pagamentos) atingiu de 7% a 10% do total de empréstimos bancários. Ele preferiu não dizer que o nível de inadimplência está caindo, mas que "a velocidade de aumento está próxima de zero."
Não se trata de uma mera questão semântica. Ribeiro lembrou que as provisões (espécie de reserva que se faz no balanço contra prejuízos previstos) feitas pelos bancos correspondem, em média, a 150% do total dos empréstimos em atraso. "Esse é um reconhecimento do mercado de que os problemas vão continuar existindo."
No caso das pessoas físicas, diz Ribeiro, os pagamentos em dia estão na casa dos 90%. No caso das empresas, os pagamentos em dia estão entre 40% e 50%. "A situação das empresas é mais grave. A receita foi afetada ou a margem de lucro caiu brutalmente."
Os dados de Aliprandi não apontam na mesma direção. Em março, havia 1,8 milhão de carnês em atraso no comércio paulista, abrangendo 1 milhão de pessoas.
Em 30 de agosto, data posterior ao início do processo de renegociação, o número de carnês em atraso já somava 2,678 milhões, abrangendo uma massa de 1,3 milhão de pessoas.
Para ele, os grandes afetados pela política de arrocho do crédito do governo foram os trabalhadores de renda mais baixa. É que 58% das vendas a prazo foram feitas por pessoas com renda de até cinco salários mínimos.

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