São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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Poupança vinculada não protege mutuário

GABRIEL J. DE CARVALHO; JOAQUIM FERREIRA
DA REDAÇÃO

JOAQUIM FERREIRA
Quem estiver interessado na caderneta de poupança vinculada da Caixa Econômica Federal, lançada oficialmente ontem, precisa estar ciente de que o financiamento futuro não obedecerá as regras do SFH. Não haverá limite para a relação entre prestação e renda.
Nos poucos financiamentos feitos atualmente pelo SFH, é adotado o PCR (Plano de Comprometimento da Renda). Os reajustes das prestações seguem os mesmos índices de atualização da poupança (TR). Mas há um limite de 30% para o comprometimento da renda.
Quando o teto de 30% é estourado, o mutuário pode pedir a revisão do valor pago. A diferença corrigida é paga após a data-base ou lançada no saldo devedor.
Na poupança vinculada da CEF, as regras dos financiamentos após o período mínimo de 36 meses de poupança são mais parecidas com as da carteira hipotecária.
Nesta linha, os bancos costumam cobrar cerca de 18% ao ano mais TR. A CEF promete juros bem mais baixos, entre 12% e 12,75%. Mas se a prestação começar a subir muito acima do salário, por exemplo, não há qualquer cláusula que proteja o mutuário.
Os bancos privados ainda estão cautelosos com as regras definidas pelo Banco Central para a poupança vinculada. Mas pelo menos dois deles já decidiram oferecer esse novo produto a seus clientes.
"Ficamos surpresos com a obrigatoriedade de recolher 30% da poupança em títulos do Tesouro Nacional. Isso não estava previsto nas conversas que tivemos com o BC", disse à Folha Décio Tenerello, diretor do Bradesco.
Apesar disso, o banco lançará o produto nos próximos 10 dias com prazos de poupança entre 60 e 120 meses e, no futuro financiamento, juros de 12% ao ano mais TR.
A partir da próxima segunda-feira o Bamerindus estará operando o produto em suas 1.371 agências e 1.550 postos de atendimento.
O banco optou por prazos de poupança entre 36 e 48 meses, com integralização mínima de 50% do valor do imóvel.
Os limites que o Bamerindus estipulou para a carta de crédito são R$ 20 mil no mínimo e R$ 70 mil no máximo. Assim, o poupador não poderá comprar imóvel com valor inferior a R$ 40 mil ou superior a R$ 140 mil.
Os bancos Itaú, Unibanco e Real estão estudando ainda a nova poupança. "Nossa posição é assumir compromissos somente com os recursos que temos em casa", disse Antonio Candal, diretor de poupança do Banco Real.

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