São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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Boa produção e atuação mediana marcam encenação de 'Eugen Onegin'

WILLIAM LI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Estreou na sexta-feira passada em primeira audição em São Paulo, a ópera russa "Eugen Onegin" de Tchaikovski, com menos da metade dos lugares do Teatro Municipal ocupados.
"Onegin", que foi apresentada pela primeira vez em 1879 no Conservatório de Moscou, estreou em 1881 no Maríinki Teatr de São Petersburgo e foi um dos maiores êxitos de sua carreira. O czar Alexandre 3º gostou tanto da ópera que condecorou Tchaikovski com a Ordem de São Vladimir.
A montagem desta ópera em São Paulo inaugurou o projeto Mercosul Cultural. O Teatro Colón de Buenos Aires cedeu gratuitamente todos os figurinos para a montagem no Municipal de São Paulo. A iniciativa foi frutífera, tanto os cenários como os figurinos eram belíssimos, e o Municipal pôde economizar, pois os personagens da ópera são muitos, além dos coros e bailarinos.
A ópera estreou com o elenco "A", que teve a cantora russa Galina Kalinina no papel de Tatiana a Anatóly Lôshak no de Onegin. A atuação de Kalinina deixou muito a desejar. Sua voz é mais de mezzo-soprano que de soprano. Entediante, enjoativa, quando emitia uma nota mais possante, fazia-o com uma voz rouca e desagradável. Falta nela o essencial no canto lírico: a limpidez e a transparência. Apesar disso, conseguiu arrancar mornos aplausos.
O russo Anatóly Lôshak como Onegin teve uma atuação melhor, apesar de sua voz se aproximar mais de um tenor que um barítono. Assim, o casal de amantes Tatiana e Onegin estavam com naipes trocados: Tatiana (soprano), cantou como um mezzo-soprano e Onegin (barítono) soava como tenor.
Quem mais se destacou do elenco internacional foi o búlgaro Nicola Ghiuselev (baixo) como o príncipe Griêmin. Sua voz potente e grave impressionou toda a platéia e foi ele quem teve a melhor atuação da noite.
A produção foi excelente, com cenários e figurinos deslumbrantes. A Orquestra Sinfônica Municipal esteve afinada e coesa sob a batuta do maestro Isaac Karabtchevski e a bela atuação do Coral Lírico e dos bailarinos da Escola Municipal de Bailado compensou.

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