São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 1995
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Ex-Picassos Falsos lança primeiro CD solo

BIA ABRAMO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Assim como a banda carioca Picassos Falsos era uma das melhores coisas do cenário pop brasileiro da segunda metade da década de 80, seu vocalista, compositor, letrista e mentor intelectual Humberto Effe se constitui em um das boas promessas para o fim dos anos 90.
"Humberto Effe, o disco, é resultado de uma carreira solo que está sendo gestada desde 92 em apresentações irregulares nos palcos cariocas. Entre o fim dos Picassos, em 89, e a nova fase, Effe, 31, passou por um período que define como de "exorcismo.
Os Picassos tiveram vida breve -dois discos pelo selo Plug, "Picassos Falsos (87) e "Supercarioca (88)-, mas muito festejada pela crítica de pop da época.
Para quem não lembra, os Picassos faziam um amálgama um pouco esquizofrênico, mas muito original da psicodelia dos anos 60 e da melancolia pós-punk -Echo & The Bunnymen e Joy Division, entre os prediletos do cantor- com samba, MPB, baião e afoxé.
"'Supercarioca' era um disco muito conceitual, traduzia o encontro de uma geração rock'n'roll com o regionalismo brasileiro, diz Effe, 31. Nesse sentido, os Picassos anteciparam a redescoberta e apropriação dos ritmos regionais que iria ser a tônica do que foi chamado de música pop brasileira.
Só que agora, a operação é mais sutil do que à época dos Picassos. Com a banda, tratava-se de impor um sotaque MPB à uma banda de rock. Agora, Effe se empenha em manter uma dicção rock/pop em composições e versões que se inscrevem tranquilamente na tradição da música brasileira.
Exemplo: a versão de "Quem Usa Antena É Televisão, música gravada por Bezerra da Silva, que Effe faz dialogar com "There Goes the Neighborhood, do Body Count de Ice-T. "Para mim, não tem nada de estético nem ideológico nessa opção por música brasileira. A descoberta do rock foi meio paralela à da MPB, diz.
Effe classifica a gravação de seu primeiro disco solo como "punk, no sentido da precariedade. Convidado por Ronaldo Bastos para ser um dos primeiros lançamentos do selo Dubas, o compositor começou a trabalhar na casa do produtor Chico Neves.
"Ele foi rearranjando as composições e depois chamamos os músicos. Demorou quase um ano, mas foi esse processo de tentar fazer o máximo com o mínimo que gerou o que tem de particular no disco, diz Effe. Depois que a Virgin descobriu e resolveu contratar Effe, acabaram os apuros: o disco foi mixado em Los Angeles.

A repórter BIA ABRAMO viajou a convite da Virgin

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