São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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Passado econômico ainda preocupa

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A BRUGES

O turbulento passado recente da economia brasileira ainda assombra a estabilização até aqui conseguida com o Plano Real, conforme ficou claro ontem em reunião fechada entre o presidente Fernando Henrique Cardoso e 15 pesos pesados do empresariado mundial.
O sueco Anders Sharp, presidente da Saab, da Scania e da Incentive (tecnologia de medicina, transportes e meio ambiente), elogiou muito o presidente, mas pediu desculpas para dizer que ainda havia, no empresariado, receio quanto ao que chamou de altos e baixos da economia brasileira.
Alguns dos “baixos” foram objeto de outras perguntas do empresariado, que, no conjunto, representavam empresas com faturamento anual de US$ 220 bilhões, sem contar o do conjunto presidido por Sharp, para o qual não havia dado disponível.
É uma pilha significativa de dinheiro - quase metade da riqueza que o Brasil produz ao ano, o PIB (Produto Interno Bruto).
Ernesto Pascale, principal executivo da italiana Stet, acha que a privatização no seu setor (telecomunicações) não anda com a rapidez que gostaria. Pascale preferiria que a privatização chegasse à Telebrás e a suas subsidiárias. Mas FHC avisou que só no final de 96 se poderia pensar nisso.
O real sobrevalorizado foi tema de outra queixa. Mas o ministro Pedro Malan desviou o tema para o “custo Brasil”, os obstáculos que os exportadores brasileiros enfrentam para competir no mercado internacional. Um dos componente do “custo Brasil” - a complexa malha tributária - foi objeto de uma crítica de outro dos presentes, que chegou a mencionar a existência de 53 impostos no Brasil.
Houve também pedido de explicação sobre a Lei de Patentes por parte de René Degrve, do comitê executivo da belga Solvay (química e farmacêutica), empresa que tem pelo menos 40 anos de Brasil.
Por fim, o mais recente “baixo” da economia, o caso Econômico, foi mencionado. Malan respondeu que “está sendo esperada uma solução de mercado”, ou seja, que o governo não vai mais pôr dinheiro no banco sob intervenção.
As queixas e as observações não impediram os elogios e a promessa de que os investimentos diretos no país continuarão. Um dos presentes mencionou a perspectiva de colocar mais US$ 1 bilhão, além do volume que já tem no Brasil.
Bem feitas as contas, discutiu-se “tudo aquilo que está na agenda também do empresariado brasileiro”, resumiu Jório Dauster, o embaixador do Brasil junto à União Européia.

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