São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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Oportunidade

DEMIAN FIOCCA

Confortavelmente situado entre a inflação baixa, o superávit comercial e as vultosas reservas externas, o governo pode aproveitar a oportunidade para corrigir algumas pendências do Plano Real ou ater-se à idéia de que não se mexe em time que está ganhando.
Os itens por corrigir são os altíssimos juros, a atual valorização da taxa de câmbio e a defasagem de algumas tarifas públicas. O mais provável é que os juros continuem altos e sua queda seja lenta. Espera-se que certas tarifas sejam corrigidas nos próximos meses ou semanas. A maior incógnita é, portanto, a cotação do dólar.
Decidido a manter a valorização cambial para conter a inflação, a alternativa do governo para reverter os déficits comerciais foi derrubar o nível de atividade econômica. Caindo o consumo e a demanda industrial, reduzem-se também as importações para esses fins. A isso deve-se o anunciado superávit de agosto.
Corrigir agora a taxa de câmbio seria libertar a economia de uma amarra ao crescimento. Se a relação entre os preços internos e externos estiver mais equilibrada, o país poderá entrar numa nova rota de desenvolvimento sem que retornem os déficits comerciais.
Isso poderia custar, porém, alguns pontos de inflação em um ou outro mês. A evidente prioridade dada à contenção dos preços enfraquece assim a possibilidade de desvalorização. Mas o reconhecimento de que o desemprego é um problema grave pode pressionar em favor das citadas correções.

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