São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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Mercado de arte inova para atrair mais investidores

VERA BUENO DE AZEVEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

O principal objetivo dos marchands, galerias e escritórios de arte, no momento, é criar estratégias para ampliar o número de investidores no mercado de arte.
Por isso, prepare-se para ser seduzido para adquirir, em até cinco prestações mensais, por meio de leilão ou de consórcio, quadros, objetos antigos, mobiliário do século passado e início deste, esculturas e gravuras.
Ainda bastante restrito no Brasil, o mercado de arte tem como consumidor uma elite de alto poder aquisitivo, formada por investidores, decoradores, colecionadores ou simples apreciadores das peças.
"Queremos conquistar um público que não está habituado a comprar regularmente obras de arte", diz a marchand Regina Boni, referindo-se a profissionais liberais bem-sucedidos, executivos, enfim, a classe média alta.
Para isso, ela lança em 16 de setembro o "fundo de investimentos para aquisição de obras de arte". Um sistema bastante semelhante ao consórcio.
Os interessados serão distribuídos em grupos de dez pessoas. Podem comprar quadros de autores como Amélia Toledo, Amílcar de Castro, André Balbi, Chico Cunha, Pinky Wainer e Maria Tereza Louro, entre outros (são 21 artistas contemporâneos).
Os preços das obras, que serão pagas em 24 parcelas mensais, variam entre US$ 2.400 e US$ 24 mil. As prestações vão de US$ 100 a US$ 1.000.
O "consorciado" tem três formas de levar os quadros para casa antes do término do prazo de duração do grupo. A primeira é o sorteio, quando então se compromete a pagar as prestações futuras.
A segunda é o leilão, onde dá lances que serão descontados das últimas prestações a serem pagas.
Finalmente, quando pagar a 12ª prestação, o investidor pode escolher qualquer obra do acervo, assumindo o compromisso de arcar com as parcelas restantes.
Em caso de desistência, o prejuízo é certo. Só receberá o que já pagou ao final do 36º mês ou do 48º mês após o início do grupo, com deságio de 15% e 10%, respectivamente.
Diversificação
A diversificação é a estratégia do marchand Renato Magalhães Gouvêa para atrair novos consumidores ao mercado de arte. "Os investidores tradicionais e os colecionadores já voltaram a comprar", diz ele.
Justamente por isso, seu escritório de arte tem marcadas várias atividades diferentes até o final do ano: exposição de autores contemporâneos, de tapetes orientais, leilão de antiguidades etc.
"Nos leilões tradicionais, de obras antigas de alta qualidade, ainda não foi possível instituir o parcelamento do pagamento porque os juros bancários continuam muito altos, embora alguns clientes já tenham feito essa reivindicação", diz ele.
Mas Gouvêa já facilita o pagamento das obras de autores contemporâneos, que ainda não têm mercado consolidado. "Na última exposição, os compradores tiveram a facilidade de pagar em até três prestações", explica.
Tanto o parcelamento quanto o número de prestações são definidos pelo valor do investimento.

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