São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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Critérios para instalar uma indústria

NANCY ASSAD

Movidas pela reengenharia ou pela inadequação do atual endereço à atividade industrial, muitas empresas -sobretudo as localizadas em áreas de grande congestionamento urbano, como é o caso de São Paulo- têm acenado com a necessidade de transferência de suas instalações.
De outra parte, a globalização da economia, o advento do Mercosul e a perspectiva de estabilização econômica estão servindo de estímulo para muitos empresários tirarem da gaveta planos de expansão industrial e de implantação de novas unidades fabris.
Não é de hoje que planejadores urbanos apontam a saída dos grandes centros como alternativa aos problemas gerados pela concentração populacional e pelas atividades industriais.
E os empresários sabem disso: querem fugir de áreas saturadas (sobretudo as visadas pela ação sindical), dos congestionamentos no trânsito e nas linhas telefônicas e de inconvenientes como aluguéis e impostos elevados.
Cientes desse fato e carentes dos benefícios sociais e financeiros proporcionados pelo desenvolvimento industrial, vários prefeitos e governadores estão se desdobrando na oferta de incentivos às indústrias que se instalarem em suas municipalidades.
A onda pela disputa de investimentos de grandes empresas, que teve início com a fábrica de caminhões e ônibus da Volkswagen, parece estar contaminando todo o Estado.
Até mesmo cidades sem perfil propriamente industrial decidiram embarcar na maré dos incentivos fiscais para atrair capitais externos.
Muitas indústrias se deixam seduzir por esses atrativos e, não raro, arrependem-se depois da mudança. É preciso ter em mente que a questão fiscal, por si, não é condição determinante para a definição do local onde instalar uma nova planta industrial.
Antes de tudo, é imprescindível avaliar criteriosamente a infra-estrutura existente na região: a disponibilidade, a cultura e o custo da mão-de-obra, a existência ou não de serviços, a proximidade dos mercados consumidores, a oferta de insumos e de matérias-primas, os acessos rodoviários e às telecomunicações. Só em condições similares a questão fiscal deve influir na decisão.
Estudos de mercado efetuados recentemente pela Companhia City de Desenvolvimento junto a indústrias de médio porte que se transferiram para condomínios e distritos industriais no Estado de São Paulo confirmam a frustração das expectativas e o despreparo do empresariado frente à questão.
Problemas não-previstos inicialmente constituem apenas a ponta de um iceberg de deficiências a serem enfrentadas pelos mais desavisados.
Para não incorrer em erros dessa grandeza, os dirigentes precisam ter ciência de que o local onde será instalada uma indústria não se configura como um fato isolado, e sim como parte integrante de um conceito muito bem definido de logística industrial, tão essencial nos dias de hoje para se ter ganhos em qualidade e produtividade.

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