São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995 |
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Cameron foi salvo da forca
DANIELA FALCÃO
Um homem branco havia sido morto durante um assalto e Cameron, que na época tinha 16 anos, foi apontado como responsável, junto com dois amigos: Abe Smith, 19, e Tommy Shipp, 18. "Nunca vou esquecer daquela noite. Estávamos no carro de Tommy e eles tinham um revólver. Abe queria assaltar alguém para conseguir dinheiro para comprar seu próprio carro e eu não falei nada porque era o crianção." Cameron conta que desistiu de participar do crime quando viu que a vítima era um cliente da oficina mecânica em que trabalhava. "Saí correndo para casa. A polícia apareceu horas depois e me arrastou, apesar dos gritos da minha mãe e de eu clamar inocência." Segundo Cameron, na noite seguinte à sua prisão uma multidão cercou o prédio da delegacia. "Ouvia eles gritando 'queremos Cameron' e senti que ia morrer. Foi o momento em que tive mais medo em toda minha vida." Cameron afirma que viu seus dois amigos sendo arrastados até uma árvore em frente à delegacia, espancados e enforcados. "Eu era o próximo. Na minha cela havia outros 20 negros, todos presos por crimes menores. Quando os membros da KKK chegaram, com aquele capuz branco, todo mundo se ajoelhou implorando para não morrer. Foi a situação mais humilhante por que passei, mas me ajoelhei também." Cameron terminou sendo descoberto e levado para a mesma árvore onde os corpos de Tommy e Abe estavam pendurados. "Havia apanhado muito e vi que eles estavam preparando a corda para me enforcar. De repente, um homem no meio da multidão gritou que eu não tinha nada a ver com o caso e que eles já tinham vingado a morte do homem branco. Soube que foi um membro arrependido da KKK quem interrompeu a cerimônia e me salvou. Mas prefiro acreditar que foi Deus quem interveio." (DF) Texto Anterior: CONHEÇA O MUSEU Próximo Texto: Livro contesta tese racista Índice |
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