São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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Nem atalho, nem mão única

O debate sobre os rumos da estabilização opõe hoje duas correntes de opinião, sem que nenhuma delas consiga predominar. De um lado, há quem argumente com o aumento do desemprego e a redução das vendas para pedir juros menores e menos restrições ao crédito.
No extremo oposto, os mais cautelosos alertam para a temporada de dissídios coletivos e para o aquecimento natural no último trimestre do ano, fatores que justificariam uma descompressão mais gradual da política de aperto.
A verdade, dolorosa, é que não há atalhos na rota que leva da estabilização à retomada do crescimento em bases sustentáveis. Mas também não há um só caminho.
A percepção que se tem hoje do futuro da estabilização é bem diferente quando se trata do setor real ou do setor financeiro. Para o mundo das finanças, o céu ficou novamente azul. O Banco Central interveio no socorro aos bancos em apuros. Relaxou os compulsórios e injetou recursos no sistema.
Mas o sistema bancário, aliviado, não está disposto a repassar todo esse alívio aos setores produtivos.
A inadimplência está baixando, mas o grau de desconfiança aumentou e a escassez de crédito continua sufocante para quem não tem acesso a recursos externos, sob juros muito mais baixos. Nesse ambiente de aversão ao risco, até a queda dos juros teria provavelmente efeitos apenas graduais.
O governo procura um meio-termo. Ainda não deixou claro o caminho que vai seguir. Sabe-se apenas que vai palmilhá-lo lentamente.

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