São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995
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Raí esquece seleção, mas não descarta volta ao Brasil

ANDRÉ FONTENELLE; RUBENS LEME DA COSTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O meia Raí, 30, do Paris Saint-Germain (França), não pensa mais em voltar à seleção brasileira.
Um dos artilheiros do Campeonato Francês, com seis gols em seis partidas disputadas, ele quer se concentrar apenas em seu clube, que disputa também a Copa da Uefa, uma das três competições européias de clubes.
Sem o brasileiro, contundido na coxa direita, o Paris Saint-Germain perdeu fora de casa para o Montpellier, ontem.
Raí já não atuara na quinta-feira passada, quando seu time derrotou o Molde (Noruega) por 3 a 2, pela Copa da Uefa.
Em entrevista por telefone, Raí disse que não descarta a possibilidade de voltar a jogar no Brasil.

Folha - O que mudou com as saídas de Ricardo, Valdo (ambos para o Benfica de Portugal) e Weah (para o Milan) do PSG?
Raí Souza Vieira de Oliveira - Não houve grande mudança no esquema, porque é o mesmo treinador (Luis Fernandez). O que mudou foi que, no ano passado, ele fazia revezamento. Mudava três, quatro jogadores toda partida. Falava que era para descansar todos os jogadores. Ninguém jogava três vezes seguidas. Não deu tão certo. O time não foi campeão e, neste ano, ele está revezando menos, deixando uma equipe-base jogar.
Folha - O PSG chegou às semifinais de copas européias nos três últimos anos e perdeu. É difícil se motivar de novo depois dessas decepções?
Raí - A motivação só aumenta. Quando você chega perto, quer voltar e ganhar. Apesar de ser uma coisa marcante, foi positivo: uma equipe sem tradição que chega três anos seguidos às semifinais está no caminho certo. Agora o time está mais maduro e tem condições de pensar em títulos europeus.
Folha - A artilharia no Campeonato Francês o surpreendeu?
Raí - Não, desde os primeiros jogos eu estava me sentindo solto dentro da equipe, aparecendo muito na área e jogando bem. No ano passado, ele (Fernandez) trocava jogadores toda hora e, mesmo assim, eu fui útil dentro da equipe. Este ano eu já esperava melhorar e isso foi a consequência.
Folha - Com a boa fase, você espera voltar a jogar pela seleção brasileira?
Raí - Não, não penso nisso, não. Não estou pensando em seleção brasileira. Quero pensar em fazer um grande campeonato, ser campeão francês e tentar ser campeão europeu.
Folha - Você recebeu alguma proposta de outro clube?
Raí - Existem alguns rumores, mas nada de concreto. É o começo da temporada. Houve comentários de que um time quis me contatar, mas não cheguei a ficar sabendo qual.
Folha - Nem o país?
Raí - Não, não me disseram nada.
Folha - E você pensa em voltar ao Brasil?
Raí - Estou no meu último ano de contrato, mas o clube pode renová-lo antes do final. Estou aberto a tudo. Não penso em não ir nem em ir. Estou esperando para ver as propostas.
Folha - A falta dos brasileiros Ricardo Gomes e Valdo mudou alguma coisa para você?
Raí - São dois amigos que nos deixaram. Fiquei chateado por isso. Quando eu cheguei aqui, eles me ajudaram bastante. Isso, eu não vou esquecer. Mas eu já me sinto à vontade entre os franceses.
Folha - A artilharia do campeonato é um objetivo?
Raí - Não é o principal, mas é um deles.
Folha - Com a saída do centroavante liberiano Weah, você tem atuado mais à frente?
Raí - Não. Estou jogando atrás dos atacantes e, às vezes, revezo com algum deles. Mas isso não influiu no fato de eu ter mais gols.
Folha - Qual o comentário da imprensa francesa sobre você?
Raí - O melhor possível. No ano passado já tinha sido bom. Só tenho recebido elogios e estou sendo considerado um dos melhores do campeonato.

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