São Paulo, sábado, 23 de setembro de 1995
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Prefeituras não conseguem pagar salários

LILIANA LAVORATTI; VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cerca de 50% das 4.973 prefeituras do país vão ter dificuldade para pagar os salários de setembro de seus funcionários. A previsão é do presidente da Associação Brasileira de Municípios (ABM), Welson Gasparini (PSDB-SP).
Nos próximos dias 3 e 4, os prefeitos brasileiros virão a Brasília pedir ao governo o aumento de repasse de impostos federais aos municípios na reforma tributária.
Vão argumentar que perderão recursos com a prorrogação do FSE (Fundo Social de Emergência), conforme deseja o Palácio do Planalto. Parte da composição do fundo provém de verbas destinadas pela Constituição aos municípios. O FSE serve exclusivamente aos interesses do governo federal.
Levantamento feito pelo Mare (Ministério da Administração e Reforma do Estado) junto às capitais é um retrato de como as prefeituras estão sendo obrigadas a desembolsar a maior parte de suas receitas em gastos com pessoal.
A Prefeitura de Belo Horizonte (MG) gastou em maio 57% de suas verbas com pagamento de salários e aposentadorias.
No mesmo mês, em Salvador (BA), esse montante chegou a 68,3%. Foram gastos R$ 14,7 milhões, sendo R$ 10 milhões com quem está na ativa. Na média dos 12 meses anteriores, os gastos com pessoal consumiram 50,4% das receitas municipais.
A capital que mais comprometeu suas contas com funcionalismo, entre abril de 1994 e maio deste ano, foi Rio Branco (AC), que usou 82,5% com salários e aposentadorias. No mesmo período, São Paulo usou 41,4%.
O peso da folha de pagamento também é problema dos governos estaduais. Mato Grosso, por exemplo, está comprometendo cerca de 100% de sua arrecadação líquida (descontados os repasses aos municípios) com o pagamento dos servidores e aposentados.
As dificuldades enfrentadas pelas prefeituras foram provocadas pelo aumento da participação dos recursos municipais na prestação de serviços essenciais à população -saúde, educação, segurança, assistência social.
Segundo o Gasparini, "à medida que a União e os governos estaduais recuaram dessas responsabilidades, as necessidades foram bater às portas dos prefeitos".

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